Publicado em 09/04/2021 - cesar-vanucci - Da Redação
“Os óbitos poderão chegar a 500, 600 mil”.
(Vaticínio da médica
Ludhmila Hajjar, que se recusou assumir a pasta da Saúde)
Flagrantes
lúgubres da atualidade brasileira. 330
mil óbitos provocados pela pandemia. Esse número pode subir, em curto espaço de
tempo, para 500, ou mesmo 600 mil, vaticina a médica Ludhmila Hajjar, que
recusou convite para assumir a pasta da Saúde.
A
funesta previsão é compartilhada por cientistas e médicos conceituados. No
mundo, ocupamos o segundo lugar em casos fatais e contaminações. Somam mais de
13 milhões as pessoas infectadas no território nacional. A “gripezinha de nada”
que, consoante o alto escalão negacionista, deu vaza a “mimimis de maricas”,
vem acumulando em nossas plagas recordes mundiais diários de sepultamentos,
cremações e hospitalizações. O colapso do sistema hospitalar assumiu proporções
de extrema dramaticidade. Faltam leitos nas UTIs e enfermarias. Muitas UPAs,
abarrotadas de pacientes, foram transformadas em precários “hospitais de
campanha”. Nos postos de atendimento há filas pra tudo. Até para preenchimento
de ficha de consulta. Os estoques das casas de saúde acusam atordoantes carências
de medicamentos e equipamentos essenciais. Corpos sem vida jazem empilhados em
locais impróprios, aguardando sepultamento. Em cemitérios constata-se a
abertura de covas extras como consequência da demanda intensificada. Seja
frisado que aos familiares é vedado prantear entes queridos, conforme sagrados
e tradicionais ritos, na hora dolorida do adeus.
Assinala-se
sobrecarga de atendimentos, gerando também filas, nos cartórios encarregados de
registros de falecimentos. Com as atividades econômicas prejudicadas, o
desemprego e o subemprego assumem descomunal proporção. Fica evidente que, em
circunstâncias assim, o relacionamento cotidiano é afetado nos planos familiar,
profissional, social.
O
desemprego em massa eleva os índices de miséria absoluta. As enfermidades
inesperadas oriundas do confinamento fazem-se frequentes.
Já
quanto à almejada e indispensável vacinação em massa, o que se vê, espantosa e
deploravelmente, é uma lentidão que lembra, como se propala nos papos de rua,
caminhar de tartaruga. Dois meses passados e a aplicação da primeira dose não
atingiu nem 8 por cento do público alvo.
Estimativa de órgão oficial dá conta de que, mantida a marcha atual da
carruagem, a aplicação da primeira dose da imunização só estará concluída em meados
de 2023. Seja acrescentado que, várias vezes, as aplicações tiveram que ser
bruscamente interrompidas, por falta de insumo básico...
Paralelamente
a tudo isso e a outras mazelas vividas pela sociedade, aqui não listadas,
adquirem contorno, no cenário nacional, ampliando o leque das aflições
comunitárias, deletérias manifestações batizadas popularmente como
negacionistas. Têm por procedência núcleos raivosos do fundamentalismo político
e religioso, exímios propagadores de absurdidades nas redes sociais.
Empenham-se em alvejar valores civilizatórios contrapondo-se, às vezes
dissimuladamente, outras vezes escancaradamente, às instituições democráticas e
republicanas. Muitas dessas ações trazem à lembrança dos observadores políticos
imagens dos sinistros “camisas pardas” ...
A
opinião pública, traduzindo o sentimento das ruas, vem expressando seu
inconformismo com relação aos fatos estarrecedores narrados. Cobra providências
dos setores competentes lamentando a inépcia evidenciada na gestão dos
tormentosos problemas que penalizam indistintamente todas as camadas da
população, onerando de forma mais contundente os despossuídos sociais. Critica
acerbamente a falta de planejamento, a ausência de coordenação competente na
condução das medidas de combate à crise humanitária que sacode o país.
Cesar Vanucci - Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)