Publicado em 09/09/2020 - cesar-vanucci - Da Redação
“Todos os caminhos estão errados quando você não sabe aonde quer chegar”. (William Shakespeare)
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Quarenta milhões de desempregados, minha nossa! PIB descendo a ladeira.
Milhares de empresas fechando as portas. Placas de “vende-se” e “aluga-se”
afixadas em tudo quanto é prédio, de tudo quanto é cidade, do Oiapoque ao Chuí.
A pandemia tem a ver com tudo isso, tá certo. Mas a colossal encrenca social
posta diante de nosso olhar aturdido não é provocada tão somente por ela,
pandemia.
Alguém, aqui por perto, sabe
dizer alguma coisa que soe como alento a respeito de qualquer projeto relevante
de desenvolvimento, de inspiração oficial, em marcha acelerada na extensão
continental brasileira? Dá para compreender perfeitamente que o silêncio seja a
resposta correta para essa incômoda interrogação. A realidade registra que o
País anda falto de ideias, de projetos, de arrojo empreendedor nas iniciativas
governamentais.
A comparação – reconheçamos – é
desconcertante para um bocado de líderes políticos. Por mil e uma razões.
Dispensável mencionar uma razão sequer apenas para os bons entendedores daquilo
que anda rolando no pedaço brasileiro.
Mas não custa nada recordar – até
pra manter acesa a esperança, esse impulso heroico da alma – que antes mesmo de
transcorrida a metade do mandato do inesquecível JK, fixando-nos apenas em um
dos inumeráveis projetos então tocados país afora, a simbólica Brasília já
despontava na paisagem desértica do cerrado como obra administrativa estupenda,
inigualável, atraindo para o Brasil admiração e encantamento universal. E olhem
que a capital majestosa, antevista profeticamente por Dom Bosco, nascida nas
pranchetas de Niemeyer e Lúcio Costa, erguida pela benfazeja obsessão
desenvolvimentista do Nonô de Diamantina, com a competente colaboração de
Israel Pinheiro e outros compatriotas comprometidos com o progresso e o
sentimento nacional, representou um dos incontáveis soberbos projetos
abraçados pelo governo visando a construção econômica e o bem estar social!
Os inumeráveis problemas administrativos e
políticos confrontados na época encontraram respostas propositivas em
realizações a perder de vista. Realizações que contemplaram as mais
diversificadas áreas do labor humano, mobilizando o melhor do talento, engenho,
criatividade, vontade política de nossa gente. E, também, o melhor dos
atributos de liderança, capacidade, inteligência criativa, disposição para
diálogo dos dirigentes da Nação. Juscelino Kubitschek de Oliveira comprovou, à
saciedade, ser possível, não importa o tamanho da crise, trabalhar com afinco, sem
esmorecimento, o tempo todo, em favor da prosperidade social. Os exemplos por
ele deixados deveriam tocar mais fundo a sensibilidade de seus sucessores.
Crise não é desculpa para que um
País, com as potencialidades e virtualidades de que o Brasil é afortunadamente
possuidor, detenha abruptamente sua caminhada em direção ao futuro. Navegar é
preciso, lembra o poeta. Mas não se chega ao almejado porto seguro sem que se
tenha uma rota previamente traçada. Ao leme, pilotos experientes sabem que é
preciso olhar as estrelas para dar rumo ao navio.
Informação derradeira: a história da
humanidade assinala que também Franklin Delano Roosevelt acreditava na tese de
que as crises podem representar chance excepcional para mobilização da
consciência coletiva de uma Nação, tendo em mira o progresso. Os Estados Unidos
se tornaram grandiosos no panorama internacional graças a providenciais
projetos executados em sua governança. Frentes de trabalho absorveram milhões
de cidadãos. O patrocínio e os estímulos oficiais concedidos a empreendimentos
de magnitude nos setores públicos e privados concorreram para reduzir os
impactos da fervente crise dos anos 20, elevando a índices impressionantes, em
médio prazo, as taxas de crescimento do país.
· Tristeza
e perplexidade. No rádio do carro, no curto trajeto percorrido, o boletim
noticioso narra dois lances do cotidiano, fazendo ouvidas as vozes dos
protagonistas e deixando os ouvintes perplexos e entristecidos. No primeiro
caso, detido em flagrante delito, na posse de arma de fogo, alguém afirma:
-“Não me importa matar ou morrer.” Era um guri de 12 anos.
No outro caso, respondendo à
pergunta de um jornalista que não lhe saiu ao agrado, influente personagem
exclama: -“Vou cobrir sua cara de porrada”. Era o Presidente da República do
Brasil.
Cesar Vanucci - Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)