É DE INTERESSE público saber

Publicado em 10/01/2017 - geral - Fernando de Miranda Jorge

É DE INTERESSE público saber

Antes das eleições municipais, questionou-se, aos senhores candidatos à época, do querer ser prefeito só não basta. É preciso ter conhecimento das complexidades do que é ser o titular de uma prefeitura. Conhecer as leis e as posturas municipais. Agora vencidos os pleitos eleitorais, passadas as animosidades e a campanha, é chegada a hora da verdade de um momento diferente da vida política nacional: onde tudo é transparente, tudo é cobrado e nada mais será feito fora dos olhos vigilantes daqueles que respaldaram seus objetivos com os votos, dignos senhores eleitos, para o fim a que se dignaram enfrentar, e do Ministério Público, quando acionado, o político pode ser cassado e, conforme o caso, preso.  E agora, uma coisa sempre especulada pela população é a remuneração dos senhores prefeitos e vereadores. Por que não torná-la pública? Nem todos têm acesso à Internet (sites), se é que se divulga por esse meio. Eu não sei, não tenho a menor ideia de quanto seja. Temos conhecimento dos salários de todo profissional liberal ou não, professor e de alguns servidores públicos efetivos nos cargos ou nos concursos programados. Lá estão o teto salarial e os benefícios. De prefeitos e vereadores, não. O povo precisa e quer saber. É seu direito e obrigação acompanhar a desenvoltura de seus representantes, bem pagos para isso. Momento também de apresentar à população uma auditoria das condições em que encontrou a prefeitura e o que vai fazer. Os que saem não deixam dívidas. Os que entram recebem com dívidas. Como é que se explica isso?! Um exemplo para lá de interessante e próprio para o momento está no livro “Chão e Alma de Minas”, de Celso Renault - O Público e o Privado. Relata a historia do ex-governador de Minas Gerais, Raul Soares, que adoeceu no exercício do mandato. Preocupados, os correligionários mandaram chamar no Rio de Janeiro o médico Miguel Couto, que foi a Belo Horizonte, fez sua consulta e, claro, apresentou a conta. A coletoria estadual prontamente fez o pagamento, pegou o recibo e contabilizou a despesa na forma da lei – afinal, a despesa dizia respeito à enfermidade do governador (que à época era chamado Presidente) do estado. Quando melhorou, Soares tomou conhecimento do que havia acontecido. Conseguiu algum dinheiro emprestado com um irmão e restituiu os recursos ao erário com um bilhete onde agradecia o gesto, mas lembrava que “o dinheiro é público e minha doença, privada”. Bem diferente dos argumentos apresentados pelo atual e ainda governador de Minas, Fernando Pimentel, que utiliza o helicóptero do governo para buscar o filho supostamente bêbado, após festa de reveillon em Escarpas do Lago. Pensou, ao contrário de Soares, que seu problema privado deveria ser pago com dinheiro público. Sinal dos tempos!

Fernando de Miranda Jorge - Acadêmico Correspondente da APC /Jacuí/MG – E-mail: fmjor31@gmail.com