Publicado em 07/09/2018 - geral - Da Redação
Modelo é apontado como uma das saídas para a crise
penitenciária. Média de ressocialização de presos é 4 vezes maior
O senador Aécio Neves apresentou, nessa terça-feira (04/09), no Senado Federal,
projeto de lei que regulamenta a transferência de recursos do Fundo
Penitenciário (Funpen) para as Associações de Proteção e Assistência aos
Condenados (Apacs) e autoriza parcerias entre as entidades e o Poder Público.
O
Projeto 383/2018 prevê que 10% dos recursos do Funpen sejam destinados
preferencialmente às Apacs e permite sua contratação pelo Poder Público por
meio de contratos de parceria.
As
APACs são organizações civis sem fins lucrativos que se dedicam à reintegração
social de presos ainda durante o cumprimento de suas penas.
Mesmo
reconhecidas pelo Judiciário, elas não têm hoje garantia de contrapartida
financeira pelos estados e estão impedidas de firmar contratos na prestação de
serviços, sendo mantidas por convênios e doações.
“Como
governador incentivamos as APACs e introduzimos medidas que foram extremamente
exitosas. É preciso que essa iniciativa seja ampliada em todo o país, por ser
um dos caminhos para que possamos, em um curto espaço de tempo, minimizar a
gravíssima crise penitenciária que assombra o país”, explicou o senador Aécio.
Minas
Gerais é considerada referência na implantação de APACs. O modelo oferece
condições mais humanizadas para cumprimento de penas e apresenta alto índice de
recuperação de detentos.
Dados
do Conselho Nacional de Segurança (CNJ) são de que a reincidência em crimes
entre egressos das APACs gira em torno de 15%, enquanto no sistema prisional
comum é de 70%. O custo de um preso em APAC também é menor, corresponde a um
terço de um detento em penitenciária.
O
sistema prisional no país tem 48 unidades APACs que abrigam 3.500 pessoas.
Desse total, 39 unidades estão em Minas Gerais. A Lei Complementar nº 79/94
autoriza a transferência de recursos do Funpen para essas unidades, mas não
define um percentual nem a garantia do repasse.
Modelo
mais humanizado
Entre
os diferenciais do modelo APAC estão a ausência de armas e guardas nas
unidades. As chaves ficam em poder dos próprios detentos, que só ficam nas
celas para dormir. Durante o dia, estudam e desenvolvem atividades, algumas
delas na comunidade onde a unidade está instalada. O método é hoje aplicado em
19 países.
O
governo Aécio implantou também em Minas a primeira Parceria Público Privada
(PPP) Penitenciária. O modelo é hoje reconhecido nacionalmente pelos bons
resultados. A unidade PPP construída no município de Ribeirão das Neves abriga
dois mil presos. Parte deles estuda e trabalha. Em três anos de operação, nenhuma
rebelião foi registrada.