Artistas circenses reivindicam acesso a políticas públicas

Publicado em 28/03/2019 - geral - Da Redação

Artistas circenses reivindicam acesso a políticas públicas

Em audiência destinada a comemorar o Dia Nacional do Circo, categoria pediu inscrição em Cadastro Único do governo.

A adoção de políticas públicas que atendam aos artistas circenses e suas famílias, assegurando-lhes os direitos fundamentais garantidos pela Constituição Federal, foi a principal reivindicação da categoria apresentada na quarta-feira (27/3/19), em audiência pública da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), no Teatro da Assembleia.

A reunião teve por objetivo comemorar o Dia Nacional do Circo e reuniu artistas, agentes públicos e apoiadores da arte circense.

Em documento entregue ao presidente da comissão, deputado Bosco (Avante), os artistas e apoiadores circenses reivindicam, entre outras coisas, a utilização de endereço postal único e sua inclusão em cadastro para programas sociais do governo federal (CAD Único). A medida tem a finalidade de planejar, coordenar e articular a execução de políticas para o setor e já contempla os ciganos e a população de rua.

Os participantes da audiência se queixaram do excesso de burocracia e de exigências legais que afetam principalmente os circos menores, criando obstáculos à sua instalação nas cidades, e relataram as dificuldades que os circenses encontram, devido ao seu modo de vida itinerante.

Eles reclamaram desde a falta de vagas para os filhos nas escolas e de atendimento na rede pública de saúde até a recusa na inscrição dos jovens para o serviço militar.

No documento entregue à comissão, como contribuição para a proposta de um projeto de lei, eles pedem também o mapeamento e a caracterização demográfica e socioeconômica das famílias tradicionais de circo.

Isso seria uma forma de propiciar visibilidade a essas populações e de orientar o planejamento e a execução de políticas públicas que resguardem seus direitos territoriais, sociais, culturais, ancestrais e econômicos, de acordo com o artigo 4º da Lei 21.147, de 2014, que institui a política estadual para o desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades tradicionais de Minas Gerais.

Histórico – Na abertura do evento, o deputado Bosco fez um histórico sobre a atividade circense, desde suas origens, na Antiguidade, até os dias de hoje, lembrando que o dia 27 de março foi escolhido como Dia Nacional do Circo em homenagem ao palhaço Abelardo Silva, o Piolim, conhecido mundialmente.

“Importante expressão artística e cultural do País, o circo faz parte da nossa história e da nossa memória”, afirmou o parlamentar, lembrando que o segmento, ao lado de outros grupos artísticos e culturais, ajudou na construção do Plano Estadual de Cultura.

Ativista reivindica censo dos circos ao IBGE

Participantes relataram dificuldades que os circenses encontram em virtude de seu modo de vida itinerante
Participantes relataram dificuldades que os circenses encontram em virtude de seu modo de vida itinerante - Foto: Luiz Santana

A pesquisadora circense e presidente da Rede de Apoio ao Circo, também diretora do Departamento de Circo do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado, Sula Kyriacos Mavrudis, defendeu uma lei estadual que assegure os direitos fundamentais à categoria dos artistas circenses e suas famílias e a realização de um censo dos circos por parte do IBGE.

O presidente da comissão acolheu os pedidos, propondo-se a encaminhar as demandas dos artistas aos órgãos estaduais competentes e solicitar o apoio da bancada federal mineira para as reivindicações relacionadas à competência do poder público federal.

O deputado Doutor Jean Freire (PT) também manifestou seu apoio à luta dos circenses. Como membro da Comissão de Saúde, mostrou-se aberto a discutir com a Comissão de Cultura um estudo para inclusão desses artistas no Cadastro Único do governo e para atendimento nos Postos de Saúde da Família.

Dia Mundial do Teatro é comemorado na mesma data

A presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado de Minas Gerais, Maria Magdalena Rodrigues da Silva, lembrou que na mesma data, além do Dia Nacional do Circo, comemora-se também o Dia Mundial do Teatro.

Ela apelou para a “sensibilidade dos Poderes Executivo e Legislativo” no atendimento à luta dos artistas em geral e dos circenses em particular e lembrou da aprovação de uma emenda ao PPAG, o Plano Plurianual de Ação Governamental, garantindo recursos para a criação da Casa dos Artistas. Ressalvou, porém, que o espaço ainda não existe formalmente, e, para isso, pediu o empenho de todos.

Magdalena lamentou “os ataques aos sindicatos, visando seu enfraquecimento” e anunciou para breve o lançamento da campanha “Arte pela Paz”, para angariar recursos para a constituição de um fundo de amparo aos artistas.

ICMS Cultural - Débora Raíza Rocha, gerente de Patrimônio Cultural e Material do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas (Iepha), e João Batista Miguel, ex-secretário adjunto de Cultura do Estado, lembraram o processo de ICMS Cultural, que, a partir de 2017, passou a garantir isenções fiscais aos municípios que criarem leis que beneficiem as atividades circenses.

O ex-secretário também elogiou o papel da Comissão de Cultura, "uma grande porta aberta aos anseios dos agentes culturais”.

O superintendente de Fomento e Incentivo à Cultura da Secretaria de Estado de Cultura, Felipe Rodrigues Amado Leite, lembrou algumas conquistas garantidas pelos artistas circenses no âmbito estadual, como a sua participação no Conselho Estadual de Cultura.


ASCOM