Esta é a maior operação de busca e salvamento interagências realizada no país.
O governador de Minas, Romeu
Zema, instituiu um gabinete de crise, imediatamente após a tragédia, para
organizar a atuação na região atingida. A partir daí, houve a atuação harmônica
e integrada de mais de 55 órgãos públicos, envolvendo a atuação em nível
municipal, estadual e federal. Sendo somente do Governo de Minas mais de
25 instituições, entre secretarias de Estado, autarquias, agências reguladoras,
fundações e órgãos de Justiça.
Os bombeiros mineiros contaram com o apoio do Corpo de Bombeiros de
outros estados (Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás,
Maranhão, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Sergipe e Rio
Grande do Sul), além da Força Nacional e das Forças Armas e Exército de Israel.
Todos os profissionais atuaram sob o comando do CBMMG.
O volume de rejeitos, que se espalhou por uma área de 4 milhões de metros
quadrados, foi de cerca de 10,5 milhões de metros cúbicos, o que equivale a 4,2
mil piscinas olímpicas. Para retirar todo esse material, foi necessário que os
bombeiros organizassem um trabalho de inteligência. Para tal, o CBMMG tem em
seus quadros especialistas formados nacional e internacionalmente, em países
como Japão, Reino Unido e Portugal, além de um corpo técnico de engenheiros,
geotécnicos, aviadores, entre outros.
Até o momento mais de 60% dos corpos dos desaparecidos já foram localizados e
identificados. O CBMMG já realizou mais de 378 recuperações de corpos e
segmentos corpóreos, que foram repassados à Polícia Civil (PC),
responsável pelo trabalho de identificação das vítimas. Todo o trabalho de
identificação é feito com um corpo de legistas da PC altamente qualificado.
Trabalhos aéreos
No primeiro mês da operação, foram feitos 299 pousos e decolagens por dia, o
que resultou na maior movimentação aérea do Estado. Para se ter uma ideia, o
Aeroporto de Confins realiza cerca de 260 pousos e decolagens por dia. Somente
a operação aérea em Brumadinho envolveu 31 aeronaves e mais de 1.516 horas de
voo até o momento. Com essa quantidade de horas voadas, utilizando o
helicóptero, em condições normais de velocidade e alcance, seria possível dar
quase oito voltas completas ao mundo.
Além das aeronaves, estão envolvidos nos trabalhos um balão de observação, um
radar de drones, uma estrutura de controle aéreo específico e sete drones do
CBMMG, com recursos de imagem termal, dando apoio às operações em terra. As
aeronaves são monitoradas em tempo real graças a um sistema específico montado
para a operação.
O trabalho dos cães farejadores também tem sido essencial para a operação. Nos
últimos sete dias, todos os corpos e segmentos localizados foram encontrados
com o apoio dos cães.
Integração
A integração tem sido aspecto fundamental da operação. A partir de uma
investigação da Polícia Civil, por exemplo, foram identificados dois
estelionatários -que haviam inserido nomes falsos na lista de desaparecidos com
intenção de obter vantagem econômica ilícita - o que evitou buscas
desnecessárias das equipes de resgate. A Polícia Militar auxilia
no isolamento do local e proteção dos locais evacuados; a Defesa Civil realiza
o reestabelecimento de serviços essenciais e gestão das pessoas desalojadas,
entre outras atividades. O Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos (Sisema) monitora os impactos ambientais e implementa medidas
mitigadoras, para que o impacto na fauna e flora sejam os menores
possíveis.
A operação não possui previsão de término e somente existem duas hipóteses de
encerramento: a localização de todos os corpos desaparecidos ou a
impossibilidade real de recuperação de corpos devido à questão biológica, que
diz respeito ao momento em que o estado de decomposição dos corpos impedirá a
sua localização em meio ao rejeito devido à interação entre os materiais. Até o
presente momento, não houve nenhum dia em que não tenha ocorrido a localização
de corpos ou segmentos, o que comprova ainda ser impossível prever o término da
operação.
SEGOV