Publicado em 18/03/2017 - geral - Da Redação
Embora alguns insistam, o ano não começa depois do carnaval. Se você gestor acredita nisso, você perdeu dois valiosos meses. Mas ainda está em tempo de “por a casa em ordem”, entretanto é necessário planejamento, conhecimento e equipe. Para se fazer uma boa gestão e um bom trabalho, antes de qualquer coisa, é necessário definir a MISSÃO e os OBJETIVOS do governo.
Ao definir a “missão” do seu governo você fixará o Norte de sua administração para todos aqueles que nela trabalham e também um critério, em função do qual você será julgado pelos cidadãos (os que votaram em você e os que não votaram). É um passo indispensável para assegurar a unidade de ação, estimular a cooperação interna, e demarcar parâmetros de avaliação do desempenho.
“Missão” é um conceito que se refere às finalidades últimas da organização: perenes e ao mesmo tempo sujeitas a mudanças e reinterpretações, determinadas ambas pelas transformações que ocorrem na sociedade. A “missão” de uma organização (prefeitura) reflete basicamente a sua razão de ser, a sua função, e seus princípios fundamentais, sendo o conceito de cúpula de uma organização. Você deve sempre tentar situar a sua administração dentro do momento histórico e definir (ou redefinir) a sua missão, compatível com os desafios do momento na sua comunidade. Definir uma missão sempre significa outorgar um sentido de compromisso, objetividade e clareza de objetivos para a sua administração.
A clareza em relação à missão ajudará você a assegurar a unidade de ação de seus colaboradores, e a marca de seu governo. No dia a dia de um governo perde-se, muito facilmente o “foco” da administração. Ora, é por esse foco, principalmente, que seu governo será identificado e retido na memória dos eleitores. Além disso, em momentos de confusão e divergências, você vai precisar recuperar o sentido da missão e dos objetivos principais, como critério de escolha e decisão. Finalmente, o que tornará a “missão” visível, atraente e persuasiva para os cidadãos é a clara determinação do desafio que ela implica. A magnitude do desafio e a sua importância na vida das pessoas, é que dará a real dimensão da sua administração.
Os objetivos principais da sua administração são os compromissos assumidos com o eleitorado (propagandas e promessas), e que deverão estar coerentemente relacionados com a missão. Na realidade, é por meio deles que a missão ganha vida e realidade. Estes objetivos cobrem o espaço de tempo de seu mandato, mas também podem ir além dele. Eles representam as prioridades de sua administração, e sua realização significa a contribuição que seu governo vai aportar à comunidade que o elegeu.
Os políticos muitas vezes reagem mal à idéia de tornar públicos os seus objetivos de governo. Temem perder a flexibilidade que vão necessitar para, eventualmente, alterar a ordem de prioridade deles; ou tem medo de criar as condições para seu governo ser cobrado pelos adversários; ou hesitam em criar expectativas que talvez não poderão ser atendidas. Embora compreensível esta relutância, ela não se sustenta. Pior é tentar esconder os compromissos assumidos na campanha. Na própria eleição, como candidato, você teve que definir seus objetivos, e até quem sabe fixar metas. Os eleitores, portanto, já tem expectativas contra as quais medirem o desempenho do seu governo. O que lhe cabe fazer é “recondicionar as promessas feitas”.
Além disso, os objetivos são indispensáveis para conferir uma unidade mínima à administração, provendo critérios de decisão e julgamento. Não se iluda. Prioridades serão inevitavelmente fixadas. A não fixação dos objetivos prioritários pelo governante implica tão somente que estes objetivos serão fixados por outras pessoas.
A questão da flexibilidade não deve ser encarada de maneira radical. Mesmo tendo fixado objetivos prioritários, o governante sempre poderá modificá-los, ajustá-los, e, no limite, alterá-los, desde que haja razões justificadas para fazê-lo, e que ele as apresente aos cidadãos com argumentos sólidos e persuasivos.
Há também, por outro lado, a questão da percepção do governo pelos cidadãos. Um governo que não define seus objetivos prioritários, que hesita em comprometer-se com metas, dificilmente adquire para o eleitor uma imagem definida. O eleitor fica sem elementos para avaliar o governo, e tende a pensar que ele está fazendo muito menos do que efetivamente faz.