Publicado em 25/04/2018 - geral - Da Redação
Criação de Departamento de Parcerias Internacionais, que completa um ano de atividades, é mais uma iniciativa para colocar o Estado em papel de destaque no desenvolvimento de ciência e tecnologia
O trabalho
é voltado exclusivamente para ampliar a internacionalização da ciência mineira
por meio de parcerias com instituições de pesquisa de diversos países.
Acordos
firmados com instituições, como universidades, embaixadas e agências de fomento
internacionais promovem o intercâmbio de pesquisadores e o financiamento de
projetos nas áreas de engenharias; tecnologia da informação e comunicação; meio
ambiente; mineração; agricultura; saúde e biodiversidade; energias renováveis;
ciências humanas e sociais; e inovação, bem como em outras áreas identificadas
como estratégicas para o estado de Minas Gerais.
A
criação do setor, que acaba de completar um ano, a partir do decreto nº
47176, de 18 de abril de 2017, publicado na Imprensa Oficial de Minas
Gerais (IOF-MG), contribui diretamente para a modernização e o
aperfeiçoamento internacional da Fapemig.
"Assim
atuamos para que a fundação esteja apta a atuar por meio da cooperação
internacional e proporcionar aos pesquisadores mineiros experiências em alguns
dos mais importantes centros de produção de conhecimento do mundo”, diz a chefe
do Departamento de Parcerias Internacionais, Marina Brini.
O
intercâmbio de expertises entre Minas Gerais e outros países, por meio da
pesquisa, tem sido extremamente benéfico a todas as partes envolvidas. “Essa
troca permite a elaboração e o financiamento de projetos em cooperação mais robustos,
gerando benefícios diretos para a comunidade acadêmica e para a sociedade”,
enfatiza Marina.
Entre
as atividades executadas estão também o lançamento de chamadas públicas
conjuntas (nacionais e internacionais); o financiamento de projetos em cooperação
bi e multilateral; a mobilidade internacional de pesquisadores; a realização de
workshops e seminários; entre outras ações relacionadas à cooperação científica
entre equipes de Minas Gerais e do exterior.
“Estamos,
atualmente, focados em estruturar e institucionalizar as atividades do
Departamento de Parcerias Internacionais. Paralelamente, desenvolvemos uma
série de atividades em parceria, notadamente com instituições dos EUA, Europa
(Alemanha e Países Baixos) e Peru. Em um futuro próximo, temos planos de
expandir a internacionalização, incluindo, especialmente, mais países da
América do Sul”, aponta Marina.
LiFi, IoT e Eye-Fi
Dentre
os acordos firmados está uma parceria entre a Fapemig e a Pontifícia
Universidade Católica do Peru (PUCP) para dois workshops (um deles já
realizado em outubro de 2017 e o outro em maio de 2018), no Brasil. A atividade
foca em microeletrônica; reconhecimento de padrões e inteligência artificial
aplicada; telecomunicações rurais; robótica aplicada e biomecânica; bioengenharia;
e engenharia e preservação de patrimônio arquitetônico.
Uma
das pesquisas mais avançadas, e já fruto do primeiro workshop, é de
microeletrônica (área que trata de circuitos eletrônicos miniaturizados
integrados em chip). O projeto, que busca desenvolver as tecnologias LiFi
(Light Fidelity) e IoT (Internet das Coisas - Internet of Things), uma
alternativa para substituir ou complementar o WiFi e o 4G (rádio frequência), é
financiado pela Fapemig e pela PUCP e realizado pelo Laboratório para Optrônica
e Microtecnologias Aplicadas, Departamento de Engenharia Elétrica, Escola de
Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
De
acordo com o coordenador do laboratório da UFMG, Davies William de Lima
Monteiro, o grande apelo desta tecnologia é o desenvolvimento de sistemas
portáteis, inteligentes e autossustentáveis energeticamente, ou seja, capazes
de funcionar sem o uso de bateria ou conectados à rede elétrica, mas apenas com
energia vibracional do ambiente ou da própria luz.
Já o
IoT visa conectar equipamentos, eletrodomésticos, veículos, objetos e afins
entre si e à internet, uma demanda cada vez mais crescente no mercado.
“A
tecnologia vai permitir o posicionamento de Minas Gerais em papel destacado
junto aos atores internacionais, inovando nesta vertente. Temos competência e é
possível participar com êxito em tecnologias que estarão em uso tão amplo
quanto WiFi em um futuro próximo”, explica Monteiro.
Ainda
segundo o pesquisador, o desafio mais audacioso e que necessitará de mais
investimentos é o desenvolvimento da tecnologia Eye-Fi, com troca de dados por
luz com uma lente intraocular inteligente implantada no olho humano para
monitoramento de parâmetros de saúde do usuário.
Há
aplicações de LiFi e IoT e Eye-Fi em uma miríade de setores, como cidades
inteligentes, indústria, jogos e hospitais. Em oftalmologia a pesquisa colabora
com empresas fabricante de lentes de contato e intraoculares, que vêm apostando
em inovação e produtos diferenciados, já com vários prêmios em seu portfólio.
Bomba
de calor solar
Outra
parceria que vem despontando é a firmada entre o Grupo de
Refrigeração e Aquecimento (Grea), da UFMG, e a Divisão de Termodinâmica
Aplicada e Refrigeração do Royal Institut of Technology – KTH, instituição
sueca, localizada em Estocolmo. As instituições trabalham juntas no
desenvolvimento de uma bomba de calor híbrida equipada com evaporadores
geotérmico e solar, para o aquecimento de água sanitária para uso doméstico,
com baixo impacto ambiental.
De
acordo com o coordenador do Grupo de Refrigeração e Aquecimento da Escola de
Engenharia da UFMG, Luiz Machado, o aquecimento de água com bombas de calor
reduz significativamente o consumo de energia elétrica, pois esses equipamentos
utilizam energia térmica disponível no meio ambiente.
“Nas
bombas de calor geotérmicas o evaporador fica enterrado no solo, onde a
temperatura é maior do que a do ambiente, permitindo o uso de energia. Assim, o
consumo energético para produção de água quente é reduzido. Por sua vez, as
bombas de calor com evaporador solar recebem, além da energia térmica do ar
atmosférico, a energia da radiação solar. Em locais de grande disponibilidade
solar, como o Brasil, o consumo energético para produção de água quente é
baixo, gerando economia”, explica Machado.
A
parceria bilateral também envolve o intercâmbio de estudantes da UFMG, o que é
outro ganho para a pesquisa no Brasil. Tiago de Freitas Paulino trabalha no
controle da temperatura de água e grau de superaquecimento em uma bomba de
calor com evaporador solar operando com CO2 e realizou estágio de doutorado
sanduíche de três meses no KTH.
Já
Willian Moreira Duarte trabalha na modelagem de uma bomba de calor com
evaporador solar/geotérmico e está cursando estágio de doutorado sanduíche por
12 meses também no KTH. Sabrina Nogueira Rabelo trabalha com a avaliação
experimental de uma bomba de calor com evaporador solar operando com CO2.
Com
futuro promissor, ainda segundo Machado, espera-se após a conclusão deste
projeto a aprovação de uma pesquisa de continuação. “A principal atividade
do projeto futuro será a construção do protótipo da bomba de calor híbrida. Em
paralelo, espera-se o uso de energia solar fotovoltaica para alimentação
elétrica dos compressores”, conclui o coordenador.
Oportunidades
As
oportunidades de parcerias para financiamento de pesquisas nacionais e
internacionais são abertas à sociedade por meio de chamamento público e são
divulgadas periodicamente no
site da fundação.
As
parcerias internacionais são estabelecidas bilateralmente, entre a Fapemig e a
instituição estrangeira, e multilateralmente, por meio de acordos guarda-chuva
elaborados pelo Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa
(Confap).
Não
há requisitos formais para a formação das parcerias, mas é necessário submeter
à avaliação de projetos por meio das chamadas públicas e, sobretudo, que haja
sinergia entre as partes, convergência com as áreas estratégicas de Minas
Gerais e pró-atividade dos parceiros.
Clique aqui e conheça as instituições internacionais com as quais a Fapemig já tem parceria firmada na Alemanha, Bélgica, Austrália, Canadá, Estados Unidos, França; Moçambique, Peru; e Reino Unido, entre outros.