O sistema é composto
de oito equipes do Programa de Saúde da Família (PSF), postos de saúde e um
hospital. Este último, além de atender a população do município, recebe
pacientes de cidades da região. Entre elas, Ponto dos Volantes, Itinga e Monte
Formoso.
“São cerca de 100 a
200 máscaras em média por dia, feitas com três camadas de um material chamado
TNT, fornecido pela prefeitura. O objetivo é abastecer o sistema de saúde
daqui. A prefeitura está tendo dificuldade de encontrar o produto para comprar,
no mercado convencional”, explica a técnica do escritório local da Emater-MG,
Rosária Gomes Franca. Ela assiste e acompanha os dois grupos femininos,
envolvidos na ação voluntária.
“Aceitamos doar o
nosso tempo, a pedido da prefeitura, pois essas máscaras não são encontradas
mais, em lugar nenhum. Até o dia primeiro de abril, por exemplo, concluímos a
fabricação de 1.200 máscaras. Elas serão entregues à assistência social da
prefeitura que faz a divisão para os setores de saúde”, confirma a presidente
da Associação Comunitária de Moradores da Comunidade de Sapucaia, Joana d’arc
de Almeida Silva, que integra um coletivo de sete voluntárias e cede a própria
casa para os trabalhos.
Ainda de acordo com a
líder comunitária, as companheiras estão felizes em contribuir na batalha
contra o novo coronavírus, pois entendem que, protegendo quem está na linha de
frente da luta contra a pandemia, como os profissionais de saúde, estão também
se resguardando da doença que pode acometer qualquer um. “Estamos fazendo de
bom coração com muita leveza, distração e alegria. Paramos os nossos outros
trabalhos, mas enquanto a gente está ajudando a proteger quem está lá, estamos
também nos protegendo”.
Também integrante do
grupo de Sapucaia, a jovem Juma Alves de Almeida, sintetiza a disposição das
voluntárias na ação. “É um prazer muito grande para todas nós que estamos
ajudando. E estamos aí para o que der e vier. Deus abençoe que essa epidemia
passe logo”, ressalta. Outra que não esconde a boa vontade e se engajou no
trabalho é a também moradora de Sapucaia, Edivânia Mota.“Tá sendo um prazer
poder ajudar nessa causa tão difícil desse momento. Estamos à disposição para o
que precisar”, resume.
As máscaras são
produzidas com máquinas de costura que as mulheres de Sapucaia e Olhos d’água
ganharam para a implementação de um projeto de ocupação e renda, que vai
beneficiar também outras duas comunidades. “Nós já tínhamos essas máquinas de
um projeto, um sonho em que pudéssemos gerar renda para nossas famílias. Aqui
no Vale, emprego é difícil e a vida também, com essa seca danada”, pontua
a líder das mulheres de Sapucaia.
Costuras e bordados
criativos
As mulheres rurais de
Itaobim são assistidas pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do
Estado de Minas Gerais (Emater-MG), vinculada à Secretaria de Estado de
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Elas fazem parte do projeto Bordados e
Costuras Criativas, que vai incluir também as comunidades rurais de São João e
Córrego Novo, num total de 40 pessoas, a maioria mulheres. O projeto foi
implementado pela Emater-MG em parceria com a prefeitura municipal, por meio do
departamento de agricultura, câmara municipal de vereadores e quatro
comunidades rurais, por meio se suas lideranças.
O objetivo do
projeto, segundo a técnica Rosária, é desenvolver novas habilidades na
agricultura familiar, principalmente pelas mulheres, que já trabalhavam de modo
mais individual com a fabricação de bolsas, roupas e bordados. De acordo com a
técnica, a empresa pública de extensão rural já capacitou 20 mulheres de
Sapucaia e Olhos d’água. A meta agora é capacitar mais 20 mulheres das
comunidades São João e Córrego Novo, assim que acabar o período de isolamento
social, determinado pelas autoridades sanitárias. “Seria agora em abril, mas
tivemos de suspender. Então faremos tão logo a gente retome as atividades
externas da Emater”, afirma.
O projeto, de acordo
Rosária Gomes, atendeu pedido das próprias comunidades rurais do município, que
conseguiram com verba de emenda parlamentar a aquisição de 56 máquinas de
costuras (galoneiras, overlook e costura alta) para as quatro comunidades
rurais. “Nós da Emater mobilizamos as comunidades para as devidas atividades”,
conta sobre o papel da empresa.
Entre os trabalhos
que serão executados, por meio do projeto Bordados e Costuras Criativas
estão a confecção de roupas, bordados e bolsas variadas do tipo sacola,
carteira e nécessaire. Um dos objetivos, segundo Joana d’arc, é conseguir agora
um galpão para reunir todas as participantes do projeto em Sapucaia, num único
lugar para a execução das peças.
A extensionista
Rosária conta que, como o município de Itaobim está localizado no Semiárido
mineiro, a escassez de água não permite muitas vezes o desenvolvimento de
atividades agropecuárias. Sendo esse projeto portanto, uma boa alternativa de
ocupação e renda no meio rural. Segundo a técnica da Emater-MG, as comunidades
rurais de Itaobim que participam do projeto têm juntas cerca de 70 famílias de
agricultores familiares. No total, a empresa atende, no município, 913 famílias
de agricultores familiares.