Publicado em 06/10/2019 - geral - Da Redação
Três pessoas foram
conduzidas por transportar carvão da mata nativa em Minas Gerais. Esse foi um
dos resultados da operação conjunta deflagrada na madrugada desta quinta-feira,
(3/10), por órgãos ambientais e forças de segurança estadual e federal em três municípios
do polo siderúrgico da Região Central de Minas. Na ação, houve ainda apreensão
de quatro veículos e de 310 metros cúbicos (m3) de carvão.
Batizada de Lastro II, a
operação teve 24 alvos, localizados em Sete Lagoas, Matozinhos e Pedro
Leopoldo. Até a tarde desta quinta-feira, foram lavrados 13 autos de infração,
que totalizaram cerca de R$ 525 mil em multas. 
A ação foi realizada pela
Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), por meio do Batalhão de Polícia de Meio
Ambiente (BPMAmb), Polícias Civil e Rodoviária Federal, Secretaria de Estado de
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e o pelo Instituto Estadual
de Florestas (IEF). 
O objetivo foi fiscalizar
o transporte e o consumo de carvão vegetal na siderurgia, de forma a garantir
que este seja feito, exclusivamente, de matéria prima originada de florestas
plantadas, ou seja, aquelas cultivadas especificamente para a produção de
carvão, como é o caso do cultivo de eucalipto.
De acordo com a Lei
Estadual nº 20.922 de 2013, que dispõe sobre as políticas florestal e de
proteção à biodiversidade no Estado, a partir de 2019, os grandes consumidores
de carvão, como é o caso das siderúrgicas, têm obrigação de utilizar carvão
vegetal exclusivamente de florestas plantadas. Essa medida visa garantir a
preservação da vegetação nativa no Estado.
Durante a operação, que
contou com efetivo de aproximadamente 100 servidores públicos dos órgãos
envolvidos, foram averiguados mais de 300 veículos, que transportavam cerca de
30 mil m3 de carvão. As cargas apreendidas que resultaram no somatório de 310 m3
estavam divididas em: duas cargas de 60 m3, uma de 80 m3
e outra de 110 m3. Dos alvos fiscalizados, 20 estão situados em Sete
Lagoas, três em Matozinhos e um em Pedro Leopoldo. 
Além das empresas
siderúrgicas, também foram fiscalizados pátios e postos de combustíveis, onde
havia veículos de transporte de carvão vegetal estacionados, para verificação
da carga e documentações.
Infrações
As principais
irregularidades constatadas dizem respeito à divergência entre o produto
transportado e a respectiva documentação de controle ambiental. Isso inclui,
principalmente, o transporte de carvão de florestas nativas acobertado por
documento de floresta plantada (como eucaliptos) e com desvio de rota. Em um
dos casos estão sendo apurados indícios de falsificação de documento. Ainda
serão acompanhadas descargas de veículos com cargas suspeitas.
Nesta segunda etapa da
Lastro, foi averiguada a cadeia de produção, transporte e consumo de carvão
vegetal por grandes empreendimentos de Minas Gerais. 
A norma ambiental
determina que todo carvão vegetal deverá ter sua origem comprovada junto ao
órgão e o seu transporte e consumo deverão ser amparados por documentação
própria. Neste documento, deverão constar informações sobre a origem do
produto, destino, transportador, volume e a essência do carvão comercializado,
ou seja, se é de floresta nativa ou plantada. Uma das fraudes mais comuns
constatadas em fiscalizações é a utilização indevida de documentos de controle
para acobertar o carvão vegetal de origem ilícita, ou seja, proveniente do
desmatamento sem autorização.
Combate ao desmatamento
Além de investigadores e
escrivão de polícia do Departamento Estadual de Investigação de Crimes contra o
Meio Ambiente (Dema), a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) também
disponibilizou três delegados para o atendimento mais ágil das ocorrências.
"A Polícia Civil, nas atividades de Polícia Judiciária, atua na repressão
qualificada ao desmatamento do bioma, sendo importante coibir a utilização do carvão
ilegal, que é considerada infração prevista na Lei de Crimes Ambientais",
ressaltou chefe do Dema, delegado-geral Bruno Tasca.
Com relação ao
planejamento da operação, o comandante do Batalhão de Polícia Militar de Meio
Ambiente (DPMAmb), tenente-coronel Marcone do Rosário Pereira, explicou que ela
foi estabelecida com base nos serviços de inteligência dos órgãos, o que
resultou na identificação dos alvos que estariam recebendo carvão de mata
nativa. “Esse trabalho parceiro, por meio do convênio entre a PM e a Semad, é
muito importante e rende bons frutos, pois nos dá a oportunidade de participar
da proteção ambiental no estado”. 
A operação Lastro, em suas
duas fases, é uma ação que se soma aos demais esforços da Semad, IEF, Polícias
Militar e Civil, entre outros órgãos parceiros de combate ao desmatamento
ilegal no estado de Minas Gerais. De acordo com o Secretário de Estado de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Germano Vieira, “a verificação da
origem do carvão vegetal consumido é essencial para reduzir a pressão de
desmatamento sobre a vegetação nativa, preservando o Cerrado e Mata Atlântica
mineira”. 
O diretor-geral do IEF,
Antônio Augusto Melo Malard, detalha as ações do Estado nesse sentido. “O
Estado atua com o monitoramento contínuo da cobertura vegetal, por meio do qual
acompanha sistematicamente as áreas de desmatamento em Minas”, disse. A partir
dos dados, são gerados relatórios que servem de subsídio às operações de
fiscalização. Além disso, o IEF mantém inúmeras ações e projetos de fomento
florestal e restauração do bioma Mata Atlântica, com vistas à proteção da
cobertura vegetal no território mineiro”, afirmou.
Segov