Publicado em 22/03/2019 - geral - Da Redação
Estudo
da FIEMG mostra que cenário de paralisação no setor afeta gravemente a sociedade mineira
O cenário atual é de queda de 90 milhões de toneladas na produção de minério
de ferro no estado. Caso esse nível de paralisação parcial da mineração
continue até o fim de 2019, um dos reflexos é o recuo na projeção de
crescimento do PIB mineiro que, no fim de dezembro de 2018 era de 3,3% e, em
março deste ano, caiu para 0,8%. Essa revisão contempla os recuos de produção,
de massa salarial e as perdas de exportações, de arrecadação tributária
e de empregos na atividade minerária e em sua cadeia de fornecedores. "Tínhamos
previsto um crescimento vigoroso para 2019. Os efeitos sobre a economia e sobre
a vida da população serão enormes", afirma Flávio Roscoe, presidente da
FIEMG.
Com o recuo da produção de minério de ferro, outro risco
apontado pelo estudo é a falta de matéria-prima em outros setores da indústria.
"Pode
ocorrer a ruptura de abastecimento para as empresas, impactando os fabricantes
de peças automotivas, de autopeças e fabricantes da linha branca",
aponta o líder empresarial. "A produção de minério no estado estimada
para esse ano era de aproximadamente 190 milhões de toneladas. Somente a região
Sudeste demanda cerca de 100 milhões de toneladas. Já não existe minério
de ferro suficiente para atender a metalurgia e a siderurgia",
afirma Roscoe.
Os impactos negativos dos cenários em estudo não são
apenas para a indústria. Na cadeia de fornecedores da mineração, os setores mais
afetados seriam o de comércio, transportes terrestres e armazenamento, construção,
serviços financeiros e energia. De acordo com as estimativas da FIEMG, a
descontinuidade da atividade de extração minerária em Minas Gerais até o
final do ano pode levar a um corte de mais de 100 mil postos de trabalho em
2019 nesses setores. Se for levada em consideração a queda de produção de
segmentos que dependem direta ou indiretamente do minério como insumo -
siderurgia, metalurgia, automotivo, equipamentos elétricos, entre outros -, o número
de desempregados pode subir para quase 900 mil em todo o estado no período
de 12 meses, levando à contração do PIB de Minas Gerais.
"Seria uma tragédia para Minas Gerais, que já
está
combalida após três anos de crise. Nós, mineiros, dependemos da mineração há mais de três séculos e temos hoje 1,7 milhão de pessoas
que vivem diretamente e indiretamente da atividade mineradora",
afirma o presidente da FIEMG.
O objetivo do estudo é mostrar para a sociedade a importância da
mineração e como a paralisação do setor pode impactar o estado, econômica e
socialmente. "A mineração deve ser preservada, sem perder a segurança,
tomando todas as precauções necessárias", afirma. Segundo ele, algumas
medidas, que foram tomadas no calor do momento após a tragédia de Brumadinho, precisam
ser ajustadas. "Elas não agregam segurança e trazem malefícios para a economia,
impactando negativamente os postos de trabalho e também a arrecadação pública",
garante Roscoe.
Para o líder empresarial, o setor extrativo mineral está consciente dos desafios impostos por esse novo momento e está implementando medidas de segurança, para que a produção possa retornar sem riscos. "A lei foi alterada e barragens a montante estão banidas de nosso estado. Entretanto, precisa-se de um tempo adequado para a retirada total dos seus conteúdos, pois são volumes grandes", esclarece. "É possível fazer mineração com segurança e sem os riscos que levaram ao rompimento da barragem de Brumadinho. Estamos trabalhando para isso", afirma Roscoe.
ASCOM