Publicado em 09/01/2020 - marco-regis-de-almeida-lima - Da Redação
Embora o planeta esteja
ardendo em queimadas florestais, menos mal, porque ainda não vai ser neste
começo de 2020 que a humanidade será exterminada num forno atômico. Quem pensou
que esta hora era chegada, em virtude das escaramuças entre os Estados Unidos
da América (EUA) e a República Islâmica do Irã, caiu numa “fake news”, uma
dessas boas tiradas de Donald Trump. No caso, prevaleceu o bom senso de ambos
os lados diante dos apelos mundiais. Os EUA mataram o temível e nada santo
General Qassim Soleimani e o líder das milícias iranianas, ambos xiitas, no
Irak, cuja maioria também é xiita. Ocorre que Soleimani se expôs a desmedidos
riscos, porque a minoria sunita iraquiana o odiava desde a década de 1980,
época em que Qassem comandou o lado persa, num conflito que durou dez anos, em
que morreram hum milhão de pessoas contadas nos dois países. Esse ódio
certamente favoreceu à espionagem e às forças militares dos EUA na emboscada
que o matou. Por outro lado, após quatro dias de comoção provocada pelo “tour”
da urna mortuária, os persas em represália dispararam umas duas dezenas de
mísseis contra bases norte-americanas no Irak (Al Assad e Erbil), com prévio
aviso ao governo iraquiano – que, por sua vez, deu jeito de avisar os ianques –
resultando que nem americanos nem iraquianos morreram nessas bases, que
sofreram danos apenas materiais.
Se a nossa morte, por
derretimento do efeito atômico, deixou de acontecer, foi melhor para aqueles
quase que sem cérebro, ou portadores de tendência incendiária doentia, que se
divertem pondo fogo em lotes vagos nas áreas urbanas ou nas margens das
rodovias, os quais ainda terão outra ou mais estações de estiagem para satisfazer
sua vontade impulsiva. Exemplo condizente com essa afirmativa encontrei no
portal mineiro de Divinópolis “G37.com.br”, que noticiou em 18-8-2019: “Trio de
incendiários foi preso em Pará de Minas-MG, ateando fogo no bairro Senador
Valadares. Eram jovens de 20 a 23 anos, que foram abordados pela polícia
portando isqueiros e maconha, admitindo a autoria por diversão”. A edição
impressa do diário Correio do Estado, da Capital sul-matogrossense, Campo
Grande, deste dia 8 de janeiro, informa que em 2019 a Polícia Militar Ambiental
estadual autuou 17 incendiários, sendo a maioria pela queima já proibida de
canaviais, ou de vegetação de APPs (áreas de preservação permanente) e, ainda,
de vegetação nativa. Foram aplicadas multas de R$1.834.000,00 pelos danos de
incêndios em 1.508 hectares de matas, em 11 municípios. O jornal ainda
esclarece que os órgãos ambientais do Estado não expedem licença para a queima
controlada de áreas no período da estiagem, que vai de 1º de julho a 30 de
setembro, estendida até 31 de outubro no Pantanal.
Porém, há os criminosos
frios, tipo os que, pouco tempo atrás, queimavam ônibus a mando de facção do
crime organizado, em Fortaleza-CE, e o fizeram em um coletivo onde o cobrador
era cadeirante e não conseguiu sair do veículo em chamas. Sem falar nos
incendiários verdadeiramente doentios, como foi o caso do funcionário municipal
da Prefeitura de Janaúba-MG, que espalhou fogo na creche onde trabalhou, causando
muito sofrimento e a morte de 11 crianças, 2 professoras e a dele próprio, em
2017. Todavia, em books.google.com.br, na publicação do Prof. Alfredo Cataldo
Neto, Psiquiatria para Estudantes de Medicina, à pg. 532, há a descrição
psiquiátrica dos Transtornos de Controle de Impulsos, onde ele e colaboradores
tratam da Piromania (o fascínio pelo fogo), junto com a Cleptomania e os
Jogadores Patológicos, dizendo que os portadores desse transtorno “podem ser
indiferentes às consequências do fogo para a vida ou à propriedade, ou, então,
podem obter satisfação com os danos materiais resultantes”. Mesmo assim, os
autores acham que o diagnóstico de piromania não é tão fácil, sendo feito quase
que por exclusão.
Se o caro leitor imagina
estas descrições como atrocidades humanas, que multiplique o que é cruel por
milhares de vezes e chegará ao arsenal armamentista desenvolvido e aplicado
pelos EUA na II Grande Guerra Mundial nas suas ações bélicas contra o Japão,
após o ataque sofrido em Pearl Harbor, no Havaí. O Centro de Guerra Química dos
EUA (U.S. Chemical Warfare Service) aperfeiçoou um tipo de lança-chamas, que
teve uso ineficiente na I Guerra Mundial, misturando gasolina com borracha que
resultava numa substância gelatinosa cujo fogo demorava a se apagar e ainda
grudava nos corpos dos atingidos. Entretanto, chegou-se a um momento, na Guerra
do Pacífico, em que não havia mais estoque de borracha e os pesquisadores da
Universidade de Harvard usaram a gasolina misturada com os ácidos NAftêncos e
PALMítico, criando o destrutivo NAPALM, que gruda e derrete a carne das
pessoas, causando queimaduras profundas, atingindo temperaturas em torno de
1.OOOº Celsius.
Foram os franceses que usaram o Napalm antes
dos EUA, na chamada Guerra da Indochina, uma região colonizada pela França
desde a segunda metade do século XIX, mas que foi ocupada pelo Japão por volta
de 1940, durante a II Guerra Mundial. Essa região, geograficamente, é o Sudeste
asiático e se viu envolvida em vários conflitos, que deixaremos de detalhar a
fim de não fugir do objetivo principal deste tema. Mas, vale citar, a Guerra
Sino-Nipônica, a Revolução Comunista Chinesa de 1949 e a união dos três reinos
vietnamitas (Conchinchina, Tonquim e Annam) mais Laos e mais Camboja, tendo
como aliados a China, a França e os EUA para expulsarem os invasores japoneses.
Ao cabo da expulsão nipônica, o líder comunista Ho Chi Minh se estabelece com
sua Liga Revolucionária, conhecida como Vietminh, ao norte do Vietnam. Eis aí a
causa da Guerra da Indochina, desencadeada pela França, em 1946, na busca da
reconquista de um território que se julgava dona. Num conflito desproporcional,
o Vietminh, comandado pelo General Nguyen Giap, adota a tática de guerrilha
para combater 200.000 soldados franceses. Aos poucos, os vietnamitas vão
impondo derrotas aos gauleses, culminando no cerco de Dien Bien Phu, onde os
franceses se estabeleceram e dois mil dos seus soldados perderam a vida. A
partir de então é negociado um cessar-fogo, terminando a guerra em 1954,
através da Conferência de Genebra e com o reconhecimento da independência do
Vietnam do Norte (Vietminh), do Laos e do Camboja. Em texto do “site” Mundo
Educação, que inclusive credita informações extraídas do livro do autor
Demétrio Magnoli sobre a Guerra da Indochina (in História das Guerras. São
Paulo: Contexto, 2013, pág.398), há a afirmativa de que a França dispunha, em
1953, de 450.000 soldados no Vietnam. Por fim, o território comunista do
Vietnam, governado por Ho Chi Minh, e o Vietnam do Sul, governado por Bao Dai,
em conformidade com a fonte citada, por influências geopolíticas da Guerra
Fria, vão estabelecer um novo conflito, a Guerra do Vietnam (1959/75). No
início, ambos os litigantes apenas recebiam apoio logístico e armamentista, dos
EUA e da União Soviética (URSS), isto até 1964, quando os guerrilheiros
vietcongs, comunistas, atacaram uma base militar dos EUA, no Vietnam do Sul,
trazendo os norteamericanos de vez para o conflito. Em 1965, foram enviados 184.000 soldados
americanos para lutarem ao lado dos sul-vietnamitas, com o apoio de armamentos,
helicópteros e tecnologia avançada, na luta contra os vietcongs e suas táticas
de guerrilha em meio às florestas úmidas e chuvosas. Diante do fracasso nos
resultados, em 1969 já eram 543.000 soldados do exército estadunidense. Foram
despejadas 388.000 toneladas de napalm, de início sob a forma de lança-chamas,
depois de possantes bombas, que não somente queimavam cruelmente, mas, também
matavam por asfixia pela liberação de monóxido de carbono em ambientes
fechados. A despeito do poderio desproporcional dos U.S.A., as baixas
americanas só aumentavam, gerando protestos contra a guerra dentro do
território dos Estados Unidos, levando, enfim, o Presidente Richard Nixon à
assinatura de um cessar-fogo e, em seguida, à retirada das suas tropas do
sudeste asiático. A contabilidade da guerra, como costuma acontecer, foi
horrenda: 58.000 soldados norteamericanos mortos, 225.000 de seus aliados
sul-vietnamitas e 1.100.000 do exército norte-vietnamita, com incontáveis
perdas de civis, principalmente pelo uso indiscriminado da arma química de
Napalm. A matéria de Daniel Neves, no brasilecola.uol.com.br, também cita dados
e estatísticas do mesmo livro de Demétrio Magnoli, História das Guerras / 2013,
à pg. 404, anteriormente relacionado. No embalo, os vietcongs tomam Saigon, ao
sul, e unificam o Vietnam sob a bandeira do comunismo, ainda sob a liderança de
Ho Chi Minh.
Se temos nos safado do fogo,
até do “fogo amigo” das polícias, devemos nos preparar para os alertas da
Bíblia Sagrada. Dias atrás, me chamou a atenção a pregação vibrante de um
pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, da Capital capixaba, Pr.Hernandes
Dias Lopes, que sintetizou: “Não haverá um segundo dilúvio universal (Gênesis
9:11 - 13). O mundo não acabará em água. O mundo será destruído pelo fogo (2
Pedro 3 : 7, 10, 12, 13). Primeiramente, procurei identificar o religioso em
questão, que é natural de Nova Venécia-ES, 58 anos de idade, Pastor Titular da
1ª Igreja Presbiteriana do Brasil, em Vitória-ES e Pastor Colaborador da Igreja
Presbiteriana de Pinheiros, na Capital paulista. Teólogo, Conferencista, Doutor
em Ministério pelo Seminário Teológico Reformado de Jackson, Mississipi,
U.S.A., tendo escrito mais de cem livros. Um talento, um carisma, de uma igreja
evangélica tradicionalista.
Realmente, desde criança ouço a advertência que o mundo acabará em fogo. As palavras do Pr. Hernandes Dias Lopes balançaram as minhas estruturas carcomidas pelo tempo. Retomando o mencionado Livro Bíblico de 2Pedro, li e transcrevo o Capítulo 3 : 10: “Mas o dia do Senhor virá como um ladrão. Os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há, serão descobertas” 3 :12 “aguardando, e desejando ardentemente a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se dissolverão, e os elementos, ardendo, se fundirão”.
Marco Regis é médico, foi prefeito de Muzambinho (1989/92; 2005/08) e deputado estadual-MG (1995/98; 1999/2003)