A Coréia do Norte volta à cena mundial pela retomada de testes atômicos subterrâneos, que haviam se iniciado em 2006. Localizada no leste da Ásia, essa nação ocupa uma área de 120.538 km/2 da península coreana, que tem abaixo a Coréia do Sul. Seu tamanho é um pouco menor do que os estados brasileiros do Paraná ou Ceará; porém, maior do que Santa Catarina ou Pernambuco. No entanto, sua população de 23 milhões de habitantes supera a de qualquer um desses estados. Ao norte da península está propriamente a área continental ocupada pela China, uma das protetoras da Coréia do Norte, ao lado da Rússia.
Ambos os países coreanos tem uma história em comum de quase dois mil anos, numa região dividida antes em reinos, cuja dinastia Koryo, no ano 935 d.C. veio lhes dar o nome definitivo . A região foi anexada pelo Japão, em 1910, o qual tentou lhe suprimir língua e cultura, inclusive submetendo esse povo a trabalhos forçados no Japão durante a época da II Guerra Mundial. Com a rendição japonesa, em 1945, surgem duas zonas de ocupação: uma ao norte, pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS); e outra, ao sul, pelos Estados Unidos da América (EEUU), onde seriam criados, re4spectivamente, os países República Democrática Popular da Coréia, comunista, sob a liderança de Kim Il Sung, e a República da Coréia , onde foi instalada uma base militar norteamericana, sendo seu líder Syngman Rhee. Ambos os países entram em conflito entre 1950 e 1953, na denominada Guerra da Coréia, ocasião em que as tropas americanas participaram ativamente ajudando a empurrar os nortecoreanos para dentro do seu território e, depois, sendo rechaçadas pelos chineses, que vieram a tomar Seul. Ao final, foi criada uma zona desmilitarizada entre as duas Coréias, até hoje existente. Cerca de cinco milhões de pessoas morreram nessa guerra.
Kim Jong Il assumiu o poder na Coréia do Norte em 1994, após a morte do pai Kim Il Sung. A economia do país deixou de receber subsídios da URSS, que se findava, também sofrendo sérias perdas nas suas plantações de arroz devido às inundações havidas em l995/ 1996/ 2006, e da seca de 1997. A partir de 2002, recomeça um clima de tensão com os EEUU, quando o Presidente George W. Bush se refere ao Eixo do Mal que estaria formado pelo Irã, Iraque e Coréia do Norte. A Organização das Nações Unidas – ONU – aplica sanções econômicas aos nortecoreanos. O país revida com o anúncio de um programa atômico e rompe com o Tratado Internacional de Não-proliferação de Armas Nucleares.
O que se pode ver na história da Coréia do Norte é a trajetória de um povo sofrido e acostumado a resistir às forças da natureza e às invasões de outros povos. A sua opção pelo comunismo, mesmo com o fim da URSS, é a razão maior do ódio ocidental. Isto gera um constante e massacrante noticiário manipulado pela mídia que deseja a sua ruína, falando em atraso e miséria no intuito de minar e desqualificar esse povo no cenário i9nternacional.
A direita mundial, entrincheirada nos poderosos meios de comunicação, exibe a sua força como poder instituído do conservadorismo, através de uma propaganda enganosa do consumismo, do conforto e do erotismo. Há que se abrir os olhos para essa perniciosa solapação dos valores humanos, pois o que intentam vender é inacessível para grande parcela da população mundial, vindo provocar frustrações, revoltas e manifestações de violência ( vícios, seqüestros, crimes hediondos, ataques sem motivos aparentes ao patrimônio público ou particular, etc.).
Caso não bastassem as apontadas dificuldades vividas pela Coréia do Norte, foi ela vítima de um perverso bloqueio econômico imposto pela ONU, que sempre tende a punir os opositores dos EEUU ou, então, ou tende a fazer vistas grossas às ações americanas e israelenses, como foi o exemplo da segunda invasão do Iraque, que deu-se à revelia da comunidade internacional. Esse bloqueio é uma forma cruel de isolamento com o objetivo de matar de inanição o sitiado, nos moldes dos cercos às cidades bem antes dos tempos cristãos ou aos castelos medievais. Cuba, que há 50 anos está sob tal tipo de bloqueio, somente agora começa a receber investimentos de países como o Brasil e da Venezuela, pois estes tem atuais governantes que não rezam pela cartilha dominante no Ocidente. Ainda existe outro sangradouro na economia nortecoreana que é o vultoso gasto com pessoal e equipamentos militares necessários à sua defesa.
Paradoxalmete ao atraso apregoado pelos críticos, mísseis e artefatos atômicos são construídos, calculando-se que tal país tenha meia-dúzia de bombas atômicas e capacidade para a fabricação de uma ou mais por ano.
Comungo a idéia de que bombas atômicas sejam uma ameaça à existência humana. Elas representam um brutal risco à Terra e um retrocesso na evolução humana. Todavia, devemos ser verdadeiros na análisr da realidade global. Muitos países dispõem da bomba, dentre eles os EEUU, França, Índia, Paquistão, Israel, Rússia e antigos integrantes da URSS, e outros. O perigo é o mesmo nas mãos de quaisquer deles. Lembremos que os EEUU não hesitaram nem se arrependeram de despejar duas delas no Japão, em Hiroshima e Nagazaki, matando quase 400.000 pessoas de imediato e mutilando ou causando câncer em outras milhares.
O fim do chamado período da Guerra Fria, nos anos 90, foi propício para o desarmamento atômico. Mas, isso não ocorreu de verdade, foi apenas um esboço político, uma pseudo negociação. Não deve haver dissimulação: ou todos acabam com os seus arsenais nucleares ou todos que disponham de inteligência e tecnologia possam sentir-se no direito de te-los.
NOTA DA REDAÇÃO: “O presente artigo foi recebido por este semanário no dia 28 de maio passado, deixando de ser publicado na última edição por razões de horário e espaço. Coincidentemente, o diário “Estado de Minas”, de Belo Horizonte, de 31 de maio, em página reservada para os seus articulistas, estampou com letras graúdas o texto “Armas Atômicas”, do Prof. Sacha Calmon, da Faculdade de Direito Milton Campos, de BH, advogado e presidente honorário da Associação Brasileira de Direito Tributário. Por questão de justiça para com o nosso autor, Marco Régis, fazemos esta ressalva para demonstrar não só a oportunidade como a auterioridade do seu texto em relação ao do Prof. Sacha Calmon por conterem analogia de raciocínio e simultaneidade de autoria. Vejamos o começo do artigo do Prof. Calmon: “Enquanto os Estados Unidos e a Rússia, bem como a França, o Reino Unido, a China, a Índia, o Paquistão, Israel, enfim, todos os países que tem armas nucleares não assinam um tratado para a destruição de seus arsenais, nenhum deles terá moral para impor vetos aos demais no fabrico de bombas atômicas e, o que é pior, à exploração com fins pacíficos... A Índia criou sua bomba com medo da China e o Paquistão a sua com medo da Índia e Israel tem o seu arsenal com medo do mundo islâmico... Obama não pode referendar o belicisivo estúpido de Bush... A Coréia do Norte vive de exportar armas... quer crescer como a China e a sua irmã do Sul”.