Prá frente Dunga

Publicado em 14/05/2010 - marco-regis-de-almeida-lima - Marco Regis de Almeida Lima

Quem é o Dunga?  Esta pergunta certamente nos faria o notável, saudoso e imorredouro José Mariano Franco de Carvalho, professor de matemática e física, na época de ouro do ensino no então Colégio Estadual de Muzambinho, hoje Escola Estadual “Prof.Salatiel de Almeida”. Ainda à pergunta acresceria ele: “defina primeiro os seus termos, depois discutiremos”.

Ah, professor, vou tentar clarear o assunto, porque o senhor gosta de pormenores e está fora do nosso mundo, pois aqui até as criancinhas sabem.
Como o senhor nunca foi tão apegado aos esportes como a gente, queria lhe dizer que este tal de Dunga pertence ao reino do futebol e não àquele dos contos de fada, que os Irmãos Grimm coletaram no folclore alemão e que Walt Disney lançou no cinema, em 1937. Isto é uma historinha que, certamente, o senhor ouviu muito na infância e que deve ter visto no cinema do Hugo Bengtson, aqui em Muzambinho, ao lado da Maria Odila. Na verdade, são personagens até antagônicos, pois um dos anões barbudinhos da Branca de Neve, chamado de Dunga, era o mais alegre e divertido dos sete. Daquele que eu estou falando, ele só se parece com o outro no tamanho, porque no jeito está mais para o Zangado. Se assim fosse, a gente teria que diminuir o time da Branca de Neve para seis.
Como nós brasileiros somos muito superficiais e críticos, vou detalhar para o senhor, que é muito arguto,  que o Dunga do nosso papo foi o escolhido do Ricardo Teixeira, presidente da CBF – Confederação Brasileira de Futebol - para preparar o escrete nacional do Brasil para a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. O Ricardo, o senhor vai se lembrar, é genro do João Havelange, que foi presidente da CBD antes dela virar CBF, pois aquele entendia mesmo de desportos, até virou presidente da FIFA por muitos anos, a federação internacional de futebol, estando vivo até hoje.  Mas, voltando ao técnico Dunga, devemos reconhecer que ele tem sido bem-sucedido no comando da seleção, pois, nestes três anos de comando, ganhou a Copa América de seleções, a Copa das Confederações da FIFA e deu ao nosso país o primeiro lugar nas eliminatórias sulamericanas pra Copa do Mundo 2010. Além do mais, esse moço, Dunga, batizado como Carlos Caetano Bledorn Verri, nascido em Ijuí, gaúcho, teve uma vasta experiência como jogador de futebol. Ele começou e terminou a sua carreira no Internacional, de Porto Alegre, passando pelo Corinthians Paulista, Santos, Vasco da Gama, Fiorentina e Pescara, da Itália, Stuttgart, da Alemanha e Jubilo Iwata, do Japão. Nesse meio tempo, disputou pelo Brasil os campeonatos mundiais de 1990/94/98, sendo que nestas duas últimas como capitão do time, respectivamente, campeão mundial e vice, depois da má fama que lhe deram em 1990.
É isso aí, professor Zé Mariano, o homem tem história. Mas, como em discussão sobre esporte, política e religião ninguém tem razão o povo tá que malha o homem por causa da lista de convocação que saiu nesta semana. Ele invocou dois rótulos básicos nessa escolha: coerência e comprometimento. Coerência naquilo que fez ao longo destes três anos; e comprometimento dos atletas com  a seleção e com a Pátria. Ele não tem culpa da globalização e, por isso, a maioria dos escolhidos estar jogando nos confins do mundo. Nem da aberração da chamada Lei Pelé, que tirou o domínio dos nossos clubes sobre os jogadores que eles revelam e preparam. Nem dos endeusamentos muito recentes de Neimar e Paulo Henrique Ganso. Nem dos desregramentos da vida particular de Adriano. Nem da incompleta recuperação de ambos os Ronaldos. Principalmente nada tem a ver com o fanatismo das torcidas e com o bairrrismo da mídia paulista e carioca. 
Para pessoas sábias como o senhor, professor, tenho certeza que aconselharia as pessoas que não tem a vivência em qualquer assunto, como  o Dunga tem no futebol, a resmungar menos e a observar mais.  Torcer contra o Dunga é egoísmo e impatriótico. Também não precisamos sofrer tanto por causa do futebol, pois tem muito tipo de sofrimento de verdade que a gente finge não ver. A não ser que certas pessoas tenham inclinação para o masoquismo. Bom mesmo é apreciar o esporte com despreendimento e despojamento, como eu cujo time pra qual torço tem me dado mais decepção do que alegria – o América mineiro.
Foi bom eu me lembrar do senhor nesta ocasião, professor Zé Mariano. Tem gente aqui lhe mandando abraços saudosos: o Prof. José Carlos Riboli, o Prof. Roberto Bianchi, o Dr.Carlos Coimbra, a Dra. Adalete e o Beto, hoje Dr.Carlos, meu irmão. Avante Brasil, salve a Seleção !