O Prazer em Humilhar

Publicado em 27/05/2015 - paulo-botelho - Da Redação

O Prazer em Humilhar

Diretor-Executivo de uma empresa de grande porte do ramo químico, Anacleto Sacaneli seguia sempre uma rotina cuidadosamente planejada. Ele preparara, naquele início de janeiro, uma reunião circunstanciada de acionistas e pessoal-chave da empresa com o sugestivo nome de PIT-STOP (leia-se Parada para o Programa de Integração Total). Entretanto, de integração total nada houve; somente cobranças aleatórias. Após as apresentações de resultados pelos gerentes, Sacaneli resolve demitir 8 deles. Por acumular um passivo trabalhista da ordem de 65 operários portadores de Silicose (doença pulmonar causada por Sílica, matéria-prima da empresa) o Gerente de Recursos Humanos foi um dos demitidos. Sacaneli reclamara dele por não ter conseguido "calar a boca" do Sindicato dos Químicos que protestava, diariamente, nos portões da fábrica. E foi esse mesmo Gerente de Recursos Humanos que concluiu ser Sacaneli portador do comportamento dos psicopatas. Segundo estudos do psiquiatra americano Paul Babiak, autor do livro Snakes in Suits (Cobras de Terno) existem cerca de 70 milhões deles no mundo, o que dá 1% da população em geral. Eles são 20% da população das cadeias e 87% dos serial killers. Todavia, um psicopata não é sempre um assassino. Na realidade ele vai em busca daquilo que lhe dá prazer. É por isso que, outro lugar frequentado por eles – além dos presídios – é a empresa; qualquer empresa. E eles estão por lá: não matam, mas usam o cargo para tripudiar, questionar perfis de subordinados; assediar e demitir. Eles chegam mesmo a cometer crimes; de acordo com a Consultoria Price Waterhouse Coopers, um terço das empresas sofre fraudes a cada ano por conta dos psicopatas corporativos. E aí fica a pergunta: O que faz uma pessoa devorar a vida dos outros? – É o prazer em humilhar!

Paulo Augusto de Podestá Botelho é Consultor de Empresas e Escritor. www.paulobotelho.com.br