Publicado em 20/06/2016 - paulo-botelho - Da Redação
A metáfora é de Peter Drucker, formulador da gerência por objetivos, em artigo publicado pela Harvard Business Review um pouco antes de sua morte. Ele conta a estória de uma criança recém-nascida que foi encontrada na porta de uma empresa ao amanhecer de um dia chuvoso. Ao tomar conhecimento do fato, o diretor da empresa mandou o seguinte comunicado ao setor de recursos humanos: “Tomei conhecimento do recebimento de um recém-nascido de origem desconhecida. Formem uma comissão para investigar se a criança é produto da empresa, e se algum funcionário está envolvido com esse problema”. Depois de trinta dias d e investigações, a comissão enviou ao diretor o seguinte comunicado: “Após um mês, concluímos que a criança não pode ser produto desta empresa pelos seguintes motivos: Aqui nunca foi feito nada com prazer e amor; em nossa empresa ninguém colabora intimamente com ninguém; nesta empresa nunca foi feito nada que tenha pé e cabeça e nunca foi feito nada que ficasse pronto em nove meses!”
O novo, a novidade à porta! As pessoas, em geral, têm medo do novo. Por quê? - Porque são inseguras e porque não querem ver alterados o seu cotidiano. A sua mesmice. Porque preferem manter o "status quo", mesmo que ele seja mediocre!
A inovação é a ferramenta mais apropriada dos empreendedores. Fazer coisas novas, ou fazer coisas antigas de maneiras novas, é o modo com que um empreendedor explora as mudanças como oportunidades de negócio. Transformar idéias inovadoras em uma atitude lucrativa é a essência do empreendimento. É bem verdade que certos empreendimentos às vezes são arriscados, principalmente porque "muito poucos dos supostos empreendedores sabem o que estão fazendo", como enfatiza Peter Drucker.
Pablo Casals, o grande maestro e violoncelista espanhol, sempre soube o que fazer com o seu violoncelo. Pouco antes de sua morte, ocorrida em 1973, deu um concerto para a fina flor da aristocracia européia, em Viena. No decorrer da execução de uma Ária de Bach, duas cordas se romperam do violoncelo. Casals continuou tocando - e melhor - apenas com as outras duas cordas. Ao final da apresentação, as pessoas foram até ele indagando perplexas como conseguira tamanha proeza. Ele, simplesmente, respondeu : "É possível tirar sonoridade e inovar com aquilo que restar!"
Um dirigente que não se assusta com uma criança à porta de sua empresa, é aquele que pensa como um maestro pensa os músicos de sua orquestra: como indivíduos cujas habilidades pessoais contribuem para inovar a obra. A relação entre superior e subordinado é muito mais parecida com a relação entre o maestro e o músico do que aquilo que acontece em uma organização convencional. Na empresa baseada na inovação e no conhecimento, o superior normalmente não pode fazer o serviço do subordinado, assim como o maestro não pode tocar violoncelo. Entretanto, todos sabem que música a orquestra está tocando; que resultados todos desejam atingir e que parte específica ca da integrante deve executar. - Eis aí a sintaxe da inovação!
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor, Escritor e Consultor de Empresas. WWW.paulobotelho.com.br