Artigo: MARIA

“Quem traz na pele essa marca, possui a estranha mania de ter fé na vida”.  Maria, Maria de Milton Nascimento e Fernando Brandt.

Celebrado em 8 de Março, não é o “Dia das Mulheres”, mas o “Dia Internacional da Mulher” que tem como origem as manifestações das mulheres russas por melhores condições de vida e trabalho, além de  contra a entrada da Rússia czarista na Primeira Guerra Mundial. Maria, Maria, desses geniais parceiros musicais, me remete ao Stabat Mater de Joannes Sebastian Bach. Bach, ao compor essa belíssima Cantata, quis mostrar ou descrever toda a dimensão da dor de Maria durante a crucifixão de seu filho Jesus. Ele compôs o Stabat Mater para uma orquestração muito simples, com dois oboés, um violoncelo e uma viola da gamba, apenas; talvez querendo destacar toda a pureza e ausência de ostentação na cena da mãe aos pés do filho querido morto na cruz. E o resultado é belíssimo, pois Bach, além de genial compositor – o melhor deles – era um letrista de grande espiritualidade. Existe composição mais inspirada que Jesus Alegria dos Homens? Fico me perguntando: onde estava a mãe de Bach que ninguém sabe sequer o nome? – A resposta é simples: ela estava muito ocupada em criá-lo e educá-lo.Há pouco tempo, passei por uma das mais fortes interpelações em minha vida pessoal. Era uma menina, de uns 12 anos, como tantas, mal saída da infância para a adolescência. Eu já tinha visto aquela menina em vários lugares da cidade, mas não tão de perto como na padaria em que compro pão toda manhã. Muito magra, descalça, vestido largo e roto, sorriu-me mostrando os seus dentes alvos. Pediu para “passar no caixa” os oito pães que pedira à balconista de cara amarrada. E, como que carregando um troféu, saiu apressada quase correndo, apertando no peito o saco de pães, como uma mãe que sai em busca de seus filhos com fome.

Por: Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor, Escritor e Consultor de Empresas. WWW.paulobotelho.com.br