Publicado em 13/04/2021 - paulo-botelho - Da Redação
O duplo pensar (ou o pensar duplo) é um conceito
identificado pelo escritor inglês George Orwell, em seu famoso livro 1984, como
sendo o poder de manter duas crenças em contradição na mente das pessoas de
maneira simultânea. Por exemplo: Contar mentiras de forma deliberada e, ao
mesmo tempo, acreditar nelas; ou esconder qualquer fato que tenha se mostrado
como sendo inconveniente. Brasileiros, em grande quantidade, são mestres nessa
arte. São, ao mesmo tempo, vibrantes e mordazes com relação ao Brasil. Em
nossas cidades, quase todo motorista que transita pelas ruas pensa que é o
único; e dirige de acordo com as suas conveniências sem se importar com os
outros. Via de regra, sua pressa não tem limites. - Uma enorme decepção: A
realidade brasileira está aquém da democracia; de modo especial a racial. Salvo
exceções - é justo constatar - a classe A (ou alta) e a classe média (ou
mérdia) não respeita os que lhe são socialmente inferiores (pobres,
negros, mulatos, pardos). - São desiguais ou diferentes na concepção dos
privilegiados, afinal: "Eu se fiz por si mesmo!" - É a resposta dos
ignorantes, dos egoistas, dos preconceituosos. - E os filhos ou netos dessa
tribo, desde a infância e adolescência, são mimados ou excessivamente
protegidos. Nunca tiveram - ou têm - que ajudar na faxina da casa; nunca
tiveram que arrumar a própria cama e sequer lavar as cuecas ou as calcinhas. -
Resultado: malcriados, egoistas - um pulo, sem obstáculo, para a
irresponsabilidade e a violência desses obscuros tempos que estamos a viver.
O duplo pensar (ou o pensar duplo) pode ser aqui resumido pelas
atitudes de uma criatura de Asmodeus que recebeu 58 milhões de votos dos
brasileiros em 2018 e que atende pelo nome de Jair Messias Bolsonaro. - No
exercício da presidência da República ele busca, de forma obsessiva, a
despolitização do debate público por meio da barbárie de sua linguagem chula.
Por exemplo: Sobre Maria do Rosário, deputada federal: "Jamais estupraria
você porque você não merece!" Ao se referir à esposa do Presidente
da França: "A mulher do Macron é velha e feia; a minha Michele é nova
e bonita!" Melhor dizendo: A Micheque" é nova e bonita só por fora!
"O que é bom não é novo; o que é novo não é bom"
já dissera Millor Fernandes. - O Brasil ficou mais burro depois da morte do
Millor!
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.
E-mail: papbotelho5@gmail.com Site:
https//paulobotelhoadm.com.br