Publicado em 24/06/2016 - paulo-botelho - Da Redação
“Convicções religiosas ameaçam pesquisas científicas relevantes” alertou Belita Koiller ao saudar os novos membros da Academia Brasileira de Ciências, no ato de sua recente posse. É o caso dos trabalhos com células-tronco embrionárias visando aplicações terapêuticas. Tais “convicções religiosas”, a que se refere Belita, estão fundamentadas na doutrina da Igreja Católica de que a vida humana se origina na concepção. Ela, a Igreja, é contra o aborto em quaisquer circunstâncias. O Vaticano pediu, já a algum tempo, aos católicos que parem de fazer doações à Anistia Internacional, em função da a lteração da política dessa ONG quanto ao aborto. A Anistia que até abril de 2008 mantinha uma posição neutra quanto à prática do aborto, passou a apoiá-la em casos de gravidez originada por incesto, abuso ou estupro da gestante, além de ocasiões em que a gravidez leve risco à saúde da mulher; portanto problemas de Saúde Pública. O cardeal italiano Renato Martino, chefe do preconceituoso, obtuso e pomposo Conselho Pontifício de Justiça e Paz, vem pressionando instituições e católicos a pararem de ajudar a Anistia Internacional. Ressalte-se que a Anistia recebeu em 1977 o Prêmio Nobel da Paz, por sua efetiva e corajosa contribuição aos Direitos Humanos. – E pensar que a Igreja Católica pratica tudo aquilo que Jesus Cri sto mais abominava: poder, arrogância, preconceito e pompa!
A mentalidade aberta e desprovida de preconceitos, como nos ensinou Galileu Galilei (1564-1662) é indispensável para a geração do verdadeiro conhecimento. – Outro, Giordano Bruno (1548-1600) escreveu: “Todas as coisas, que tenhamos idéia ou não, estão interligadas e se inter-relacionam de maneira sistêmica”.Galileu e Bruno viveram na mesma época, entretanto não há registro de eles chegaram a se falar. Ambos foram perseguidos sob o pontificado de dois papas: Paulo III e Gregório XVI. O primeiro, ainda bispo, prostituiu a irmã em troca do chapéu cardinalício; o segundo mantinha uma “garçonière” no palácio Quirinal para encontros com os seu s amantes. Galileu Galilei é, até hoje, amplamente lembrado pela maneira como escapou de ser condenado à fogueira da Inquisição (atual Santo Ofício) como fora Giordano Bruno. Suas descobertas vinham levando-o a discordar cada vez mais das idéias de Aristóteles, então plenamente aceitas, de que o universo celeste era perfeito e imutável. Além disso, seu freqüente posicionamento contrário aos dogmas da Igreja Católica fez com que aumentasse o número de seus desafetos. Para continuar vivo, ele teve que renunciar a todas as suas idéias – e ideais. Giordano Bruno morreu queimado em 16/02/1600 sem renegar seus pontos de vista filosófico-religiosos. “Seu assassinato pela Inquisição acabou por causar um forte impacto pela liberdade de pensamento em toda a Europa culta”, constata Carlos Antonio Fragoso Guimarães em seu livro “A Metafísica do Infinito”. Mais recentemente, foi a vez de Leonardo Boff, principal formulador da Teologia da Libertação, de sentar-se no mesmo banquinho de Giordano Bruno e Galileu. Inquisidor: Cardeal Joseph Ratzinger, o ex-papa Bento XVI; Ingredientes: humilhação e arrogância; Veredito: 1 ano de “silêncio obsequioso”, isto é: Cale a boca. Você não pode mais ministrar os sacramentos. - Boff saiu da Igreja e se casou com sua secretária, mas continua escrevendo e ministrando; não os sacramentos, mas aulas! Eis aí os entraves do conhecimento: ignorância, poder, preconceito e burocracia, além de entraves específicos na resolução dos pr oblemas de Saúde Pública.
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor, Escritor e Consultor de Empresas. Associado-Docente da SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. WWW.paulobotelho.com.br