Publicado em 27/03/2017 - paulo-botelho - Da Redação
Está chegando um vento frio pela manhã, mas o céu está limpo e o sol claro e forte. E de torrar. Dezenas e dezenas de sabiás – chamadores de chuva – ficam empoleirados nos fios dos postes das ruas. Está acabando o verão; e fica-se no aguardo das águas de março decantadas pelo maestro Tom Jobim.
Os ventos do outono carregam as folhas, assim como o tempo vai levando minhas lembranças. E fico a lembrar da Fazenda Monte Cristo de minha bisavó América Bueno Alves, que ficava próxima a Monte Belo em Minas Gerais. Guardo para sempre sensíveis lembranças: o gato rajado sonolento; o bambuzal ao fundo da casa principal; a talha úmida, maternal, cheia de água fresca; as vacas mansas e o leite a jorrar para dentro do balde; o cheiro fresco das bostas dos cavalos; as árvores frutíferas e os passarinhos saciados!
Mas, o outono vem chegando. Vamos ter que fechar as janelas à noite por causa da chuva; e o vento frio vai arrancar as folhas das árvores e as folhas secas no dia seguinte vão ficar no chão, encharcadas.
Mesmo com muito boa vontade, é a chegada do outono com a sua natural falsidade. - É que estamos do lado de baixo do Equador.
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Consultor de Empresas e escritor. www.paulobotelho.com.br