Publicado em 09/08/2018 - politica - Da Redação
Mesmo
após convocação, presidente da empresa não comparece para dar explicações
Os deputados estaduais Antonio Carlos
Arantes (PSDB) e Fabiano Tolentino (PPS), respectivamente presidente e
vice-presidente da Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia
Legislativa, coordenaram a audiência pública da terça-feira (07/08/18) que
debateu os prejuízos da Copasa para os municípios mineiros. Mais de 100
lideranças participaram da reunião, denunciaram os problemas que estão tendo
com a empresa, criticaram o governo do Estado e a ausência da presidente da
Copasa na audiência.
A presidente da empresa, Sinara Inácio
Meireles Chenna, apesar de ter sido convocada para prestar esclarecimentos
sobre os diversos problemas que a empresa tem causado aos municípios mineiros
relatados por dezenas de prefeitos e vereadores, não compareceu alegando
problemas de saúde. O diretor de Operações Sul, Frederico Delfino Ferramenta, a
representou. Sinara já havia sido convidada em outras audiências, mas também
não compareceu.
O deputado Arantes lembrou, inclusive,
a série de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI´s) abertas para investigar
a ação da Copasa em vários municípios mineiros. “Apesar de ter funcionários
muito bons e competentes, a empresa tem prestado um desserviço a Minas Gerais,
poluindo rios e córregos com esgoto que não é tratado, serviço esse que é
cobrado da população”, criticou Arantes.
Faltas constantes de água em vários
municípios, projetos de tratamento de esgoto inacabados, cobranças de altas
taxas por serviços de má qualidade ou serviços não prestados pela empresa e
poluição dos nossos rios e córregos inviabilizando a atividade agropecuária.
Todas essas graves denúncias foram apresentadas por prefeitos e vereadores.
Arantes creditou parte do problema à priorização dada à
distribuição de dividendos aos acionistas da Copasa, em detrimento da
qualidade dos serviços prestados. “Em 2017 foram distribuídos
274 milhões de reais em dividendos”, disse o deputado. Segundo ele, a empresa
foi autorizada este ano a praticar uma revisão de 7,2%, para uma inflação
abaixo de 3% no período considerado, sendo que em 2017 essa revisão já teria
sido de 22%, e sem a contrapartida da qualidade dos serviços.
O deputado Fabiano Tolentino
acrescentou que 49% da empresa já saíram das mãos do Estado. Ele ainda criticou
a ausência da presidente da empresa, ainda que defendendo o respeito à
justificativa, e também a falta de autonomia e de independência política que
estaria marcando a atuação da Arsae.
“Ficou evidente que a Copasa tem que
fechar para balanço. O que ela tem feito com os mineiros tem nome: estelionato.
Cobrar por um serviço e não entregar é isso mesmo. É a desmoralização total e
prova da ineficiência e incompetência desse governo do PT. É a falência do
poder público o que estamos vendo aqui”, disse Arantes.
Prefeito de Bom Despacho faz duras críticas à atuação da Copasa
O prefeito de Bom Despacho, Fernando
Cabral, lembrou que 25% do esgoto da cidade dele também são jogados no rio: “Já
atravessei o deserto do Saara e vi como as pessoas lidam com a escassez de
água. Se a Copasa não sabe administrar a abundância, imagina a falta de água. A
empresa está em minha cidade há 41 anos e não fez nenhum investimento, mas todo
ano dá um lucro de 20% para seus acionistas e aumenta as tarifas para o povo,
sempre maior do que qualquer índice do mercado. Mas nós temos alternativa. A
Copasa vai sair de Bom Despacho se não virar uma empresa séria”, ameaçou
Fernando Cabral.
O prefeito classificou de
“mínimos" os investimentos da Copasa em seu município. Ele disse que a água fornecida pela
Copasa teria o custo mais alto para o consumidor, se comparada
àquela ofertada por meio de serviços autônomos ou privados, como aqueles que
existiriam segundo ele em municípios como Pará de Minas, Passos e Luz.
Fernando também citou a existência de
bairros em sua cidade que estão há 10 anos ou mais sem rede de esgoto e disse
que, mesmo em novas residências, a espera pela ligação demoraria meses. Outra
questão que chamou de inaceitável seria a terceirização, pela empresa, de obras
de recuperação de vias afetadas por intervenções da Copasa, o que geraria
atrasos, retrabalhos e desperdício de recursos públicos. “Se a prefeitura
termina alguma obra numa avenida às sete da noite, às sete da manhã a empresa
quebra de novo. Um desastre! É dinheiro jogado fora por falta de planejamento e
compromisso da Copasa”, expôs o prefeito.
O prefeito ainda denunciou que na
cidade a empresa cobraria quase 100% da tarifa de água a título de tratamento de
esgoto onde o serviço seria inexistente e disse que a Agência
Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário de
Minas Gerais (Arsae-MG) tem sido omissa na questão.
Precariedade dos serviços motiva CPI´s e criação de uma Frente Parlamentar com 50 municípios
O presidente da Câmara de Caxambu,
vereador Mário Alves, representando todos os vereadores presentes, fez duras
críticas à Copasa e ao governo. Ele também apontou os problemas vividos pelo
município, garantiu que levará adiante a CPI e que mais denúncias graves
surgirão.
O presidente da CPI e vereador em
Santa Rita do Sapucaí, Marcos Azevedo Moreira, entregou ao presidente da
comissão, deputado Arantes, o relatório final da CPI instaurada na Câmara
Municipal e frisou que a Copasa descumpre o contrato firmado com o município
quanto ao tratamento de esgoto. De acordo com o relatório, em 2017 foram
registrados 1.652 casos de diarreia na cidade relacionados à exposição de esgoto
a céu aberto, inclusive motivando ação do Ministério Público.
As mesmas queixas motivaram 50
municípios do Sul de Minas a lançar recentemente uma Frente Parlamentar para
defender, entre outros, que a Copasa cumpra os contratos de concessão firmados
com as prefeituras, conforme relatado por representantes da região. O deputado
Arantes esteve presente no lançamento da Frente, na Câmara Municipal de Belo
Horizonte.
As lideranças presentes fizeram questão
de agradecer aos deputados Arantes e Tolentino pela oportunidade de se
manifestarem e denunciarem os prejuízos causados pela Copasa.
“Quero agradecer ao deputado Fabiano
Tolentino, meu parceiro na realização dessa audiência, e a todos os prefeitos e
vereadores que se deslocaram de suas cidades para estarem aqui hoje. Lamentável
que a presidente da Copasa não compareceu mais uma vez”, disse Arantes.
Ao final da audiência, o deputado
solicitou que todos os depoimentos e informações divulgados sejam encaminhados
ao Ministério Público, Tribunal de Contas e Tribunal de Justiça.