Publicado em 05/06/2020 - politica - Da Redação
O deputado
estadual Sávio Souza Cruz (MDB) em grande ligação política em Muzambinho e região.
Durante extensa entrevista na última semana, o parlamentar abordou temas
importantes para o município, para Minas e para o Brasil.
ELEIÇÕES
SERÃO MANTIDAS
O Senador
Rodrigo Pacheco vem defendendo o adiamento das eleições municipais e unificação
dos pleitos em 2022. Isto devido às incertezas geradas com a pandemia do
COVID-19. Questionado a respeito, Sávio confessou que não acredita nesta
possibilidade. Isto porque muitos parlamentares são pré-candidato a prefeito em
suas cidades. Também seria necessária uma mudança constitucional, com dificuldade
em obter quórum. Ainda há uma grande resistência por parte da Justiça
Eleitoral. Por fim, entende que o tempo de prorrogação de mandato está vencido
no Brasil. Portanto, acredita no adiamento das eleições, possivelmente para o
final deste ano, mantendo os mandatos para a duração para que foram eleitos.
“Faz parte do compromisso democrático que precisamos cada vez reforçar mais no
nosso país”, disse. A expectativa inicial é que as eleições sejam transferidas
para o mês de dezembro.
MINAS DANDO
EXEMPLO
O número de
contaminação e mortes pelo coronavírus em Minas Gerais é bem diferente da
situação vivenciadas em estados como São Paulo e Rio de Janeiro. Sávio tem
recente passagem como Secretário de Estado de Saúde em Minas, sendo que um dos
seus Subsecretários (Rodrigo Said) foi convocado pelo ex-Ministro Mandetta para
ajudar na coordenação das ações. Assim, consegue se manter bem informado a
respeito. O deputado explica que os picos registrados no RJ, SP, CE, AM e AP
são impulsionados pelas capitais e regiões metropolitanas dos respectivos
estados. Esta situação tem sido o grande diferencial em Minas Gerais, pois as
ações determinadas pela prefeitura de Belo Horizonte jogam para baixo os
índices do estado. Inclusive, o prefeito Alexandre kalil está revertendo o processo
de flexibilização e voltando a reforçar as medidas de isolamento. O objetivo é
evitar um pico tão dramático que possa sufocar a capacidade do sistema
hospitalar.
Ao mesmo
tempo, o parlamentar alertou para a necessidade de manutenção da preocupação
nos municípios da região devido estarem próximos à fronteira com o estado de
São Paulo. Guaxupé, bem próximo na divisa com SP, já foi decretado Toque de
Recolher devido ao aumento no número de casos confirmados de contaminação.
Conforme informações, a previsão do pico em Minas seria final do mês de julho.
CRÍTICAS A
ZEMA
Sávio
declarou que observa o governador Romeu Zema uma pessoa muito bem intencionada.
Porém, entende que o país vive um momento de negação da política. Ou seja,
qualquer coisa falada contra a política merece um certo acolhimento da
população. “O próprio governador Zema é um pouco resultado dessa negação da
política”, acusou. Neste contexto, o deputado manifestou seu entendimento de
que o governador de Minas deve ser apenas um gestor. Mas que seja uma liderança
política de dimensão nacional. Esta condição lhe parece deficiência no
governador Zema. Fica preocupado com o distanciamento que o governador procurar
manter das questões nacionais. Até mesmo considerando ameaças ao regime
democrático, visto que a luta pela liberdade é uma das marcas de Minas Gerais.
RISCOS À
DEMOCRACIA
O deputado
lamentou o fato de que pouco tempo depois da redemocratização observe no país
manifestações que usam a liberdade conquistada a duras penas “para pedir o fim
da liberdade”. Para ele, algo contraditório, inexplicável e de difícil
compreensão. Confessa que não observa muitas convicções democráticas no
presidente da República. Aliás, é uma pessoa que elogia a tortura e sente
saudades da ditadura militar, sendo que não pode ter compromissos democráticos
reconhecidos pela nação.
Sávio
declarou que confia mais na memória política dos brasileiros, embora reconheça
que há uma minoria que comprou a ideia das ditaduras. Acredita que em pleno
Século 21 uma “quartelada” teria dificuldade até mesmo de reconhecimento
internacional. Se acontecer, duraria muito pouco e traria enormes prejuízos
políticos, econômicos e sociais para o país.
IMPASSE
ENTRE PODERES
O
parlamentar lembra que há muitos anos vem manifestando a necessidade do Brasil
passar por um processo constituinte. Até porque a Constituição de 88 não foi
elaborada dentro de uma Assembleia Nacional Constituinte, pois foram concedidos
poderes constituintes ao Congresso ordinário. E legislador ordinário atua
sempre pensando na próxima eleição. São muitos “desejos constitucionais”, mas
que limita o espaço de ação entre os poderes e esteja presa aos princípios.
TRABALHO EM
MUZAMBINHO
O deputado
Sávio já destinou várias emendas em favor do município. Entre as ações viabilizadas,
aquisição de diversos veículos para as áreas de saúde e assistência social,
pavimentação asfáltica, iluminação em estádio de futebol, patrocínio em
festival de música, construção da quadra da APAE, aquisição de um trator para a
Patrulha Agrícola, recursos de R$ 103 mil para as escolas estaduais, cobertura
da quadra do bairro Jardim dos Imigrantes, R$ 60 mil para custeio da Santa Casa
em 2019 e ampliação do serviço de telefonia no Distrito do Moçambo.
Sávio
valorizou os apoiadores políticos em Muzambinho. Falou, em especial, da amizade
com o ex-prefeito e ex-deputado Marco Regis, que considera como referência da
política de Minas Gerais. Citou ainda o radialista Regis Policarpo, além do
vereador Jota Maria.
UTI PARA O
MUNICÍPIO
O deputado
revelou que tem acompanhado as informações sobre o esforço de estruturar uma
UTI em Muzambinho. Ele esclarece que não se trata de uma decisão puramente
política. É necessário ser reconhecido pelo sistema de avaliação do SUS, bem
como aprovado pelos órgãos responsáveis. Revela que a própria região
metropolitana de Belo Horizonte está padecendo da falta de médicos e
enfermeiros intensivistas necessários para atuar numa Unidade de Terapia
Intensiva. Por fim, é preciso observar a questão do custeio. “Sendo muito
realista, é uma situação que não é fácil de ser obtida, pelo menos em
curtíssimo prazo”, falou.
DÚVIDAS NA
CHINA E EM MINAS
Sávio
questionou os números apresentados pela China a respeito de contaminação e
mortes com o COVID-19. “Há uma grande dúvida sobre as informações que vem da
China”, disse. Ao mesmo tempo, observa com preocupação a situação em Minas
Gerais, sendo o segundo estado brasileiro com menor índice de testes feitos. Se
a subnotificação é grande no Brasil, tudo indica ser maior ainda em Minas
Gerais.