Berço de Minas - "Os Dragões"

Publicado em 26/06/2020 - raul-dias-filho - Da Redação

Berço de Minas - "Os Dragões"

Os Dragões - Costumo dizer que a geração dos anos 60 e 70 teve uma infância e adolescência privilegiadas. Crescemos em cidades pequenas num tempo em que as drogas ainda não tinham chegado com tanta força e onde o romantismo fazia parte do dia a dia. Ditava até nosso calendário, que era marcado pelos principais bailes e eventos que aconteceriam durante o ano: em fevereiro, carnaval; em abril, Baile do Sábado de Aleluia; no inverno, Baile do Vinho e do Queijo e assim por diante. E esperávamos ansiosamente por cada data. Foi nessa época que comecei a visitar Muzambinho com mais frequência, por causa dos bailes do Clube Recreativo. Ficavam lotados, eram muito animados e tinha muita menina bonita. O interessante é que, tanto nos bailes de Cabo Verde como nos de Muzambinho, a trilha sonora era a mesma: de Os Dragões, o conjunto que animava os bailes em toda a região. Nessa época, fim dos anos 70, o conjunto era formado por Rui Evilásio, Tigrão, Zulu, Alemão e Tatu. Me lembro como eles mandavam muito bem nas músicas de Ray Conniff. Canções como ‘Yf You Leave Me Now,’ do grupo Chicago, ou ‘How Deep is Your Love’, dos Bee Gees, também eram obrigatórias no repertório da banda. Frequentei tantos bailes com Os Dragões que acabei ficando amigo dos integrantes, principalmente Rui, Tigrão e Zulu que também eram jogadores, e dos bons. Então, a gente acabava se encontrando nos bailes e, de vez em quando, se enfrentando nos campos de futebol em Muzambinho e Cabo Verde. Depois dessa época, Os Dragões, assim como todos os conjuntos musicais, enfrentaram fases mais difíceis. Nos bailes, as baladas românticas deram lugar ao funk e às músicas eletrônicas. O carnaval deixou os salões e foi para as ruas. Não havia mais espaço para os conjuntos mais românticos e tradicionais. O mais duro golpe para a banda foi a perda de Zulu, em 1996, vítima de um infarto fulminante. Ele era jovem, alegre e vibrante. Uma perda brutal não só para a família e o conjunto, mas para a cidade. Assim como os bailes e o carnaval de salão, Os Dragões também não resistiram ao tempo. Dia desses ouvi dizer que houve um revival de Os Dragões num restaurante de Muzambinho. Como eu gostaria de estar lá. Ver e ouvir Rui, Tigrão e Alemão tocando juntos seria uma bela viagem no tempo. Chance única de reviver alguns dos melhores momentos de minha vida. Na próxima, estarei lá, na primeira fila.

Pragas do nosso tempo - Como esse ano está sinistro, né? Primeiro, essa doença que, dia após dia, mata mais e mais brasileiros. Depois, a notícia sobre o surgimento de vespas gigantes, capazes de matar pessoas e dizimar milhões de abelhas em um só dia. Esta semana, então, foi assustadora. Começou com terremoto e possível tsunami no México e agora informam sobre uma nuvem gigantesca de gafanhotos a caminho do Brasil. Uma praga que pode dizimar lavouras inteiras num só dia. Não bastasse essa nuvem, tem uma outra, de areia, cruzando o planeta. Se levantou no deserto do Saara e está vindo pra onde? Isso mesmo, em direção ao continente americano. É tanta coisa nova, diferente e ruim ao mesmo tempo que tem gente por aí comparando com as pragas do Egito. Eu, hein!   


Raul Dias Filho

O autor é jornalista e repórter especial da Record TV