Publicado em 11/12/2020 - raul-dias-filho - Da Redação
Muita gente tenta encontrar explicações para esses tempos duros e sombrios que estamos vivendo. Enquanto alguns buscam a resposta na ciência e na história, lembrando que a humanidade sempre esteve exposta a surtos, epidemias e pandemias, outros acreditam que as catástrofes e tragédias provocadas por intempéries, vírus ou bactérias, são fatos previstos e descritos por videntes e profetas do passado. E você? Acredita em profecias? Acha que tudo está escrito e nosso destino está selado? Ou nosso caminho é incerto e depende unicamente de nossas escolhas? A resposta, claro, varia de acordo com a crença de cada um. E a palavra ‘crença’ aqui não tem uma conotação exclusivamente religiosa. Serve para quem acredita ou não em profecias. Desde que o homem pisou na terra existe um fascínio pelo futuro. Sempre houve esforços para desvendar o amanhã. Os Maias, muitos séculos atrás, elaboraram um calendário que até hoje impressiona os cientistas por sua exatidão. Eles denominavam o fim do ciclo de seu calendário como o ‘Fim dos Tempos’. E o fim do Calendário Maia era previsto para 2012. Por acaso, ou não por acaso, astrônomos previram que, naquele ano, muitos dos planetas de nosso sistema solar estariam em perfeito e impressionante alinhamento. A combinação do efeito gravitacional e o campo magnético destes planetas causaria pressão sobre cada um deles e, desta forma, um aumento significativo das atividades sísmicas e vulcânicas na terra. Sinceramente, não sei se houve mais terremotos e erupções em 2012, mas me lembro que o mundo, definitivamente, não acabou. Bem antes dos Maias, Nostradamus também fez previsões catastróficas. Tem gente que garante, de pés juntos, que tudo que ele previu realmente aconteceu em algum tempo e lugar. E que outros acontecimentos mais terríveis ainda estão por vir. E, por fim, a Bíblia também traz profecias sobre o fim dos tempos. Não é por acaso que o livro do Apocalipse é o mais lido da Bíblia. Ele traz revelações sobre o destino dos homens e do planeta. Entre elas, a de que haverá um tempo de tribulação e um tempo de arrebatamento. Guerras e cataclismos vão castigar os homens. Mas muitos serão arrebatados espiritualmente antes do juízo final. E como não existe na Bíblia uma data definida, basta acontecer um evento formidável ou catastrófico para que muitos vejam aí o sinal de que o fim dos tempos está chegando. Dá para lembrar, assim, sem muito esforço, de uma série de fatos que inspiraram as mais diversas teorias conspiratórias: ataque às torres gêmeas; furacão Katrina; bug do milênio; tsunami na Indonésia; terremoto no Haiti; terremoto no Chile e também o terremoto e tsunami no Japão, uma das maiores tragédias da nossa história recente. Me lembro que, na época, este último evento motivou uma família de Diadema a sair por aí, andando pelo mundo e esperando o momento de serem arrebatados. Confesso que nunca tinha ouvido falar na profecia do arrebatamento. E a descobri fazendo uma reportagem sobre a família desaparecida. Interessante que ninguém daquela família, além do pai, acreditava na profecia. O filho de 22 anos tinha discussões intermináveis com o pai por causa disso. Mas o tsunami no Japão e dois dias de falação na cabeça foram suficientes para o rapaz acreditar que o momento havia chegado. Havia até data e hora marcadas! Seria num dia 14 as 14 horas. Eles chegaram a essa conclusão depois de fazer contas, decifrar versículos e calcular datas num calendário hebraico. Rasgaram dinheiro, deixaram amigos e parentes em desespero e sumiram no mundo. Menos mal que, depois que a matéria foi exibida, os quatro foram localizados, sãos e salvos, num albergue em Ourinhos, no interior de São Paulo. O pai ainda relutou em voltar. Queria continuar a caminhada incerta em busca do arrebatamento. Só depois, com o passar do tempo, ele foi convencido a voltar para casa. Pois assim como ele, muita gente se deixa levar por paixões avassaladoras. Sejam elas por pessoas, times de futebol, partidos políticos ou religiões. O fanatismo tem o poder de arrebatar mentes e corações. Só que fanáticos não argumentam, não suportam serem contrariados e terminam agindo como autômatos, guiados apenas por suas convicções. Por mais controversas que elas sejam. E mesmo que isso represente perdas irreparáveis. Não faz muito tempo um suposto profeta chamado Jim Jones levou 918 pessoas ao suicídio. Entre elas doutores, professores e advogados. Gente que ficou cega pelo fanatismo. Ou pela fé exacerbada. O fato é que sempre houve e sempre haverá videntes, astrólogos, médiuns e profetas tentando antever o futuro. Ainda mais quando, como agora, surgem pestes e doenças mortais. É indiscutível que o mundo está se tornando, a cada dia que passa, um lugar menos seguro e confortável para se viver. Pela mão do próprio homem, estamos cada vez mais expostos a novos vírus e bactérias. E as mudanças climáticas, também provocadas pela mão do homem, ameaçam transformar o planeta num lugar insalubre. Não é preciso ser profeta para imaginar que, num futuro não muito distante, os conflitos e guerras serão causados pela disputa de terras férteis e, principalmente, da água. O que nos transforma em alvos potenciais. Mas não é hora de pensar nisso. A luta agora é pela sobrevivência. Devemos nos cuidar e cuidar das pessoas que amamos, tomar todas as precauções, atravessar esse deserto e chegar vivos do outro lado. Deixemos, por enquanto, as previsões e profecias de lado. Até porque quase todas são catastróficas mesmo. Melhor acreditar num final feliz. E, nesse sentido, a Bíblia nos conforta, ao dizer que ‘a respeito daquele dia e daquela hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas somente o Pai’.
Por hoje é isso. Semana que vem tem mais. Até lá.