Publicado em 13/05/2015 - regiao - Da Redação
Ao lado de Miltinho ele formou uma das mais famosas duplas do país a partir dos anos 60.
“Um dia parti pra longe, amei e também sofri
Vinte anos se passaram em que distante vivi
Óh virgem santa sagrada uma prece eu vou fazer
Junto ao meu pé de cedro é que desejo morrer”.
Os versos de um dos grandes sucessos da dupla Tibagi e Mltinho, “Pé de Cedro”, dizem muito de como o cantor Tibagi gostaria de ser sepultado. Porém, seu sepultamento aconteceu no Cemitério da Saudade, em São Sebastião do Paraíso, às 17h, de terça-feira (12/5). O cantor e radialista Oscar Tibagi Rosa, 88 anos faleceu por volta de 4h da madrugada desta terça-feira (12/5) no Asilo São Vicente de Paulo onde estava há mais ou menos seis meses. Ele tinha problemas de saúde, segundo informações, acometido por Alzheimer, mas não foi divulgada a causa da morte. Ele foi um dos grandes ícones da música sertaneja com seu parceiro Miltinho, nos anos 60 e 70.
Entre os sucessos mais marcantes da dupla, além de “Pé de Cedro”, são conhecidos do grande público “Pombinha Branca” e Sonho de Amor”.
Tudo começou em 1960, em São Paulo, quando Tibagi e Miltinho se conheceram e formaram a dupla. A divulgação era feita em shows em auditórios de rádios e circos, sempre com casa cheia, via de regra em mais de uma sessão.
No mesmo ano, lançaram o primeiro disco, que foi em 78 RPM, pelo selo “Sertanejo”, com a guarânia "Sonho de Amor" e a canção rancheira "Sem Teu Amor". Em 1961, gravaram o tango "Taça da Saudade" e a rancheira "Amargura".
No ano seguinte, a dupla gravou a rancheira "Teu Casamento" e o huapango "Despedida" (Sebastião Vitor). Tibagi e Miltinho também estão entre as principais duplas ligadas à "renovação" e à "modernização" da música sertaneja, tendo introduzido guitarras, contrabaixo e orquestras, sem ferir o estilo.
Juntamente com os precursores Pedro Bento e Zé da Estrada, a dupla também é considerada como grande pioneira da fusão dos estilos Sertanejos do Brasil e do México, o que pode ser notado, por exemplo, na interpretação de "Passarinho do Peito Amarelo". O estilo de Tibagi e Miltinho exerceu influência em várias outras duplas, dentre as quais Belmonte e Amaraí, além de Léo Canhoto e Robertinho e "Chitãozinho e Xororó".
Em 1970, a dupla Tibagi e Miltinho se separou. Ele passou a gravar com Amaraí. Mas com o passar dos anos e alguns contratempos, Tibagi também formou dupla com o paraisense Mauro Ozelin, o Niltinho e aconteceu sua maior proximidade e a mudança para Paraíso. Essa dupla gravou quatro LP"s, entre 1967 e 1978.
Sua história
O início de sua carreira foi ao lado de Zé Mariano (Zé Mariano e Tibagi) e logo depois, formou dupla com Osvaldo Franco, na época era mais conhecido como Pirassununga e nos dias atuais o Dino Franco, que também faleceu recentemente.
Em 1960 Tibagi conheceu Hilton Rodrigues dos Santos, o Miltinho, e assim, formaram a tão conhecida dupla Tibagi e Miltinho.
Oscar Rosa nasceu em São Paulo, em 30 de junho de 1927. De seu casamento teve quatro filhos. Três filhas e a ex-exposa, moram até hoje na capital paulista. Seu filho que chegou residir em Paraíso, faleceu. Separado, teve um duradouro relacionamento em Paraíso, no entanto, sua ex-companheira paraisense faleceu. Tibagi foi sepultado em um túmulo, a seu lado.
Tiba, há tempos havia deixado de cantar. Gostava de passar seus momentos de descanso dedicando-se à pescaria, enquanto a saúde permitiu.
Em 2010, a Academia Paraisense de Cultura fez uma merecida homenagem ao cantor e o evento ganhou cobertura especial do Jornal do Sudoeste.
Sua voz marcante também fez história na rádio, inclusive na extinta Difusora Paraisense e, posteriormente, Rádio da Família nas manhãs.
O programa inicialmente foi apresentado juntamente com Maurinho Ozelin, que faleceu prematuramente. Tigabi deu a sequência, e cumpria religiosamente a missão de alegrar os ouvintes com sua voz marcante. No entanto, o peso da idade e as complicações de saúde o afastaram do microfone.
“O Brasil e São Sebastião do Paraíso perdem um dos seus grandes filhos: o cantor, radialista e artista Oscar Tibagi Rosa. Um dos precursores da moderna música sertaneja, Tibagi foi um homem de princípios democráticos, amante das artes e da pescaria, sempre disposto para o diálogo e imenso amor por esta terra, São Sebastião do Paraíso. Eu, particularmente, perco um amigo e um companheiro de microfone, pelo qual nutro o mais profundo respeito, Tibagi é alguém que aprendi a admirar ao longo dos anos. A Rádio da Família 820 AM, deixa os mais sinceros votos de pesar à família, amigos e parentes”, diz Alessandro Calixto, diretor da emissora, após ter comparecido ao sepultamento do cantor.
Tibagi residiu por muitos anos na Vila Ipê. Suas filhas chegaram a vir buscá-lo quando ele começou a apresentar problemas de saúde e a idade foi avançando, mas ele não quis ficar na cidade grande, preferindo envelhecer em Paraíso, onde preserva muitos amigos e admiradores. Há mais ou menos seis meses foi morar o Asilo São Vicente de Paulo, onde sempre foi cercado de carinho. Segundo informações, suas filhas e familiares constantemente o visitavam.
Ele marcava sua despedida diária no programa radiofônico com a frase, voz e entonação inconfundíveis: “Chegamos ao final de mais um programa. Agradeço ao bom Pai por mais um dia de trabalho. Porque graças a Ele, a vida continua”.
fONTE: Heloisa Rocha Aguieiras - JORNAL DO SUDOESTE - SAO SEBASTIAO DO PARAISO