Publicado em 26/04/2016 - regiao - Da Redação
Sem dinheiro, irmãs começaram negócio com equipamentos emprestados. "Ver algo que você conquistou dando certo é muito gratificante", diz irmã.
A história das irmãs Landa, Cleuza e Nilva Machado representa a de muitas mulheres que, hoje, comandam os negócios em Juruaia (MG). Cresceram na zona rural da cidade, foram pra cidade atrás de emprego, investiram na produção de lingerie e após enfrentar as dificuldades do mercado, se tornaram empresárias. Na 19ª edição da Feira de Lingerie de Juruaia (Felinju), comemoram 20 anos à frente da própria marca.
Criadas na zona rural e filhas de pais analfabetos, ainda novas foram para a cidade em busca de trabalho e renda. Já em meados da década de 90, as irmãs decidiram investir no próprio negócio e abriram uma loja de artigos infantis, mas que não durou por muito tempo.
“Na época, mais ou menos em 1996, nós tínhamos a loja de enxoval e roupas infantis, mas a loja não fluiu por conta da crise dos anos 90. Foi aí que uma amiga sugeriu para que nós abríssemos uma confecção de lingeries”, lembra Nilva.
Diante de uma nova possibilidade e uma oportunidade de recomeçar, um problema atrapalhava as irmãs de abrirem o novo negócio. “Nós não tínhamos dinheiro e não queríamos depender dos maridos pra nada”, disse.
Foi então que a amiga, dona da ideia, entrou em cena novamente e mudou a história das irmãs. “Ela nos emprestou as máquinas. Uma zig-zag, um overloque e uma mesa de corte. E foi assim que a gente começou. Eu cortava, a Landa costurava e a Cleuza fazia o acabamento. Eu também ia pra São Paulo comprar o material pra produzir. Sem dinheiro, mas ia”, lembra mais uma vez Nilva.
Apesar das dificuldades enfrentadas, Nilva não tira do rosto o sorriso ao lembrar o passado. Ela ainda faz questão de brincar ao falar dos momentos que passaram para chegar aos 20 anos de sucesso.
“Conseguimos chegar onde estamos não foi nem por degrau a degrau, mas sim gilete a gilete. Foi tudo muito difícil, mas nós viemos da roça, então, trabalhar pra gente era muito ‘fichinha’ porque estávamos acostumadas a trabalhar debaixo do sol”, brincou.
Agora somando 20 anos à frente da confecção de lingerie, a conclusão é uma só. “Ver algo que você conquistou dando certo por tanto é muito gratificante”, finaliza.
A Felinju
Durante três dias, a cidade de Juruaia (MG), considerada o 3º polo de lingerie do Brasil e responsável por 15% da produção nacional, tem a expectativa de receber 30 mil visitantes durante a 19ª Feira de Moda e Lingerie de Juruaia (Felinju), que ocorre entre 21, 22 e 23 de abril no Centro de Eventos Expo Juruaia. A expectativa, segundo a Associação Comercial e Industrial de Juruaia (Aciju), é movimentar R$ 12 milhões durante o evento.
Criada em 1998, a Felinju acontece no Centro de Eventos Expo Juruaia, em uma área de 7 mil metros quadrados. Para esta edição, já estão confirmados 70 estandes. A expectativa da Aciju é um aumento de 20% no volume de vendas em relação ao ano passado.
Com cerca de 10 mil habitantes, Juruaia possui cerca de 200 confecções de lingerie, que juntas, vendem 1,6 milhão de peças por mês, especialmente para atacadistas. O crescimento médio anual é de 20% e o faturamento mensal de R$ 20 milhões. Segundo a Aciju, são gerados cerca de 5 mil empregos no setor, que absorvem 45% da população e conta também com mão de obra das cidades vizinhas. Além disso, 92% das confecções são comandadas por mulheres.
Filipe Martins Do G1 Sul de Minas