
Nesta semana, de 14 a 21/06, os servidores da enfermagem do Hospital Santa Rita realizaram uma paralisação. Os detalhes foram revelados à nossa reportagem por Roberto Guelere, presidente do Sindicato Solidariedade.
O sindicalista revelou a situação complexa vivida pelos servidores da enfermagem do hospital. Até porque não esta sendo possível manter uma relação sadia com a administração municipal. “A administração não atende o pessoal da enfermagem, não responde ofício e não tem acordo”, disse.
O valor do salário mensal percebido atualmente por um servidor de enfermagem é de R$ 530,00. Neste contexto, prefeito, secretário de saúde e vice-prefeito, além do diretor do hospital, nada fazem para reverter esta situação. Desde 2002, houve um reajuste de apenas 10%, enquanto que o valor do salário mínimo nacional subiu de R$ 200,00 para R$ 510,00. A receita do município passou de R$ 6 milhões para R$ 17 milhões. “O prefeito nada faz para oferecer à categoria, não só para a enfermagem, mas para todos os servidores”, disse.
Roberto Guelere garantiu que a paralisação ocorreu da forma mais pacífica possível, conforme determina a legislação. Foi mantido o mínimo de 30% do funcionamento, garantindo os atendimentos de urgência e emergência. A esperança ocorre no sentido de que o prefeito volte atrás e proporcione a valorização da categoria. A classe espera o apoio da população para que a situação seja revertida.
O sindicalista também criticou o prefeito e vice por postura em programa de rádio no município. Citou a lei da mordaça, pois não existe direito de resposta. “É uma ditadura na rádio comunitária. Infelizmente, não temos a mesma oportunidade que temos em Muzambinho”, falou. A postura do prefeito é apenas de alegar falta de recursos. Na visão do sindicalista, esta é uma mentira divulgada ao povo, pois na sua reeleição o prefeito garantiu a concessão de aumento salarial. “Não cumpriu com a sua palavra e o nosso servidor esta há mais de oito anos só com 10% de reajuste”, falou. Roberto Guelere lembra que no mês de maio o Executivo teve lei aprovada concedendo aumento aos agentes políticos (prefeito, vice e secretariado). “Eles estão recebendo aumento desde maio”, revelou.

O presidente do Sindicato garante que foram enviados vários ofícios ao Executivo, mas sem nenhuma resposta. Os servidores da enfermagem também tentaram contato através de uma comissão formada. Porém, o Executivo acaba menosprezando a inteligência da população prometendo uma resposta dentro de três meses. Porém, dentro do período eleitoral, existe a impossibilidade de concessão de aumento salarial. “Pensa que o povo é bobo. É uma safadeza”, atacou.
Roberto Guelere ainda ressaltou que a paralisação aconteceu somente nesta semana. Até porque o sindicato não tem a intenção de penalizar a comunidade e os próprios servidores. Posteriormente, não havendo acordo, a própria equipe de enfermagem vai definir os próximos passos. Neste momento, são afetados os casos que não são de urgência e emergência.
O sindicalista revelou que, ao contrário da situação enfrentada pela enfermagem, existe médico que recebe quase R$ 20 mil/mês. Mesmo assim, dentro dos últimos 15 dias, durante 02 dias o hospital ficou sem médico de plantão. Com isso, a enfermagem ficou obrigada a assumir toda responsabilidade. “O diretor do hospital ameaça o pessoal do laboratório e não observa este tipo de coisa, ficando escondido”, falou. Informou que a enfermeira padrão, bioquímica e dentista, ganham um salário de R$ 1.100,00/mês.
Reeleito presidente do Sindicato Solidariedade, Roberto Guelere recebe críticas por omissão ao servidor em governo anterior. Falando a respeito, ele explica que foi secretário do governo apenas em 2001 e nos últimos quatro meses do mandato. Na época, o poder Legislativo havia se tornado independente e retirou toda receita para a construção de sua sede. Desta forma, prejudicou os investimentos do município. Em 2002, o governo havia feito o plano de cargos, promovendo uma atualização e melhorando a situação de todos os servidores. Lembrou ainda que, a partir de 2005, a receita do município tem subido a cada ano numa alta porcentagem. Neste contexto, ao invés do prefeito ter revertido em favor dos servidores, tem criado cargos como coordenador de xadrez (salário de R$ 900,00).
Sobre o envolvimento da questão política, Roberto Guelere confirmou o fato. Mas explicou que, enquanto presidente do sindicato, defende os interesses dos servidores. Até porque, mais valorizado, o servidor vai atender melhor a população. Em comparação com a região, os servidores de Nova Resende tem a menor valorização. Existe excesso de contratações e cargos comissionados, inclusive com processo de improbidade administrativa contra o prefeito.
AMPLITUDE DA MANIFESTAÇÃO - O Hospital Municipal Santa Rita, os PSF e o ambulatório municipal, funcionaram com escala mínima de enfermagem. O atendimento abrangeu apenas os casos de urgência e emergência. A auxiliar de enfermagem Mariana coordenou a paralisação. Os manifestantes distribuíram cerca de 4000 panfletos em frente às escolas, além da colocação de várias faixas reivindicando aumento salarial para a categoria.
Segundo informações obtidas por nossa reportagem durante a semana, o vereador Sebatião Pacheco buscou negociação com o governo municipal pedindo aumento salarial para os servidores da enfermagem. O salário atual é de R$ 530,00, o que representa apenas R$ 17,66 por dia.