Publicado em 17/09/2016 - regiao - Da Redação
Afirmação é do Secretário de Estado de Cultura de Minas Gerais, Ângelo Oswaldo de Araújo Santos, que em entrevista à nossa reportagem falou sobre a identidade cultural da cidade em plena harmonia, com equilíbrio entre paisagem urbana e paisagem natural
No 10 de setembro, a administração municipal de Guaranésia, através do prefeito João Carlos Minchillo, promoveu solenidade de reinauguração do Centro Cultural Professora Fernandina Tavares Paes. O momento foi prestigiado por autoridades e lideranças do município, da região e do governo do Estado de Minas Gerais, além da comunidade local. Destaque para a presença do Secretário de Estado de Cultura, Ângelo Oswaldo de Araújo Santos, acompanhado pelo Secretário Adjunto da mesma pasta, João Batista Miguel, que é natural de Guaranésia. O deputado federal Carlos Melles e Fernanda (assessora do Secretário Odair Cunha), também foram presenças marcantes.
Nesta página, a íntegra do discurso proferido pelo prefeito João Carlos Minchillo ressaltando a importância da reinauguração do Centro Cultural. Já o Secretário de Estado da Cultura falou à nossa reportagem.
CIDADE É EXEMPLO
O Secretário Ângelo Oswaldo de Araújo Santos confessou sua enorme satisfação pela oportunidade de visitar Guaranésia e participar de um acontecimento histórico. Considerou como muito significativa a conquista do espaço cultural, com magnífico teatro, salas para a exposição de artes plásticas e memorial de cinema. Até porque trata-se de um instrumento de efetiva promoção da atividade artística e cultural. “Algumas pessoas fazem arte, mas todos nós fazemos cultura. A abertura de um espaço como este é um ato de democratização do acesso à cultura”, disse. No espaço, serão realizadas muitas atividades como concertos, recitais, peças de teatro, conferências, debates, formatura e todo tipo de reunião que promova a vida cultural. “E isto qualifica a cidadania guaranesiana, sendo um exemplo para Minas Gerais e para o próprio país”, argumentou.
No seu pronunciamento, o Secretário falou sobre “identidade cultural”. Justificou que, ao chegar em Guaranésia, encontrou uma cidade em plena harmonia, equilibrando a paisagem urbana, com a paisagem natural. Também a preservação de uma arquitetura de época que identifica e define o meio ambiente urbano. Segundo ele, o patrimônio cultural construído em Guaranésia é muito raro. Até porque nos dias atuais é possível observar muita destruição, especulação imobiliária, demolição da memória em função da construção de prédios que não tem nenhum identidade, ligação ou sintonia com a tradição cultural. Esclareceu que não há o desejo de paralisar ou de congelamento de cidade, mas sim planejamento e expansão racional que preserva aquilo que é uma conquista e herança de todos, permitindo que a cidade cresça de forma organizada. Observa, por exemplo, que a maioria das cidades brasileiras tem inchado e não crescido.
O Secretário também salienta que crescimento pressupõe uma organização e planejamento. Neste sentido, Guaranésia é um bom exemplo, visto que o centro da cidade é muito bem preservado. Há uma harmonia entre o casario antigo e a vida contemporânea, sendo que a cidade vai crescendo com uma certa organização, pouco observada em outras cidades. “Como Secretário de Cultura de Minas Gerais considero Guaranésia um exemplo de organização urbana”, disse.
Ângelo Osvaldo ainda comentou que as nossas cidades estão ficando muito feias. Quando o lar comunitário fica descaracterizado, a cidade violada fica propícia à violência. “A cidade feia, que não tem identidade e característica própria, que não sabe se cuidar, acaba virando uma cidade sem personalidade. Violada, a cidade violenta o olhar, não é acolhedora e então estimula a violência”, declarou. Para ele, quando se fala em combate à violência, também é preciso considerar a necessidade de preservação da estética urbana, situação que contribuirá para uma cidade mais acolhedora, pacífica e harmoniosa. “Uma cidade que nos abraça, nos acolhe e não nos esmurra visualmente conta tanta agressão que vemos em toda parte”, finalizou.
CORAL LÍRICO MUITO APLAUDIDO
O público presente na reinauguração do Centro Cultural de Guaranésia aplaudiu de pé a apresentação do Coral Lírico de Minas Gerais, sob a regência do Maestro Lincoln Andrade e que acontece através da parceria entre o governo de Minas e a Fundação Clóvis Salgado (BH).
Criado em 1979, o Coral Lírico de Minas Gerais, corpo artístico da Fundação Clóvis Salgado, é um dos raros grupos corais que possui uma programação artística permanente e que interpreta um repertório diversificado, incluindo motetos, óperas, oratórios e concertos sinfônico-corais.
Já estiveram à frente do Coral os maestros Luiz Aguiar, Marcos Thadeu, Carlos Alberto Pinto Fonseca, Angela Pinto Coelho, Eliane Fajioli, Silvio Viegas, Charles Roussin, Afrânio Lacerda e Márcio Miranda Pontes. Seu atual regente titular é o maestro Lincoln Andrade.
O Grupo se apresenta em cidades do interior de Minas e em capitais brasileiras com o intuito de contribuir para a democratização do acesso de diversos públicos ao canto coral. As apresentações têm entrada gratuita ou preços populares. O Coral já atuou com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.
O Coral Lírico desenvolve diversos projetos que incluem Concertos no Parque, Lírico na Cidade, Concertos Didáticos e participação nas temporadas de óperas realizadas pela Fundação Clóvis Salgado. O objetivo desse trabalho é fazer com que o público possa conhecer e fruir a música coral de qualidade, além de vivenciar o contato com os artistas.
EMOÇÃO E GRATIDÃO
Estes foram os tons no discurso do prefeito João Carlos Minchillo. A seguir, a íntegra do pronunciamento do chefe do Executivo:
“Senhoras e Senhores, Boa noite!
É um motivo de imensurável alegria e responsabilidade para todos os guaranesianos a reinauguração do Centro Cultural Professora Fernandina Tavares Paes.
Este sempre foi um dos nossos maiores sonhos, um sonho que hoje se torna realidade.
Como já lhes foi dito, em minha primeira gestão como prefeito, desapropriamos o então “Cine São José” e construímos este belíssimo prédio que tanta coisa boa abrigou por vários anos, inaugurado justamente em 10 de setembro de 1.988.Um dia como hoje.
Quantos artistas, formaturas, recitais, festivais de dança, teatro, música, entre outros eventos, passaram por aqui! O Centro Cultural nos faz respirar alegria, nos traz coisas boas, lembranças boas! Lembra-nos festa, cultura e gente boa!
Quantas amizades aqui se formaram! Quanta história, minha gente! “A nossa história”, a “História de Guaranésia passou, passa e sempre passará por aqui!”.
E por tudo isso, quando retornei à frente da gestão municipal, há quase oito anos, recebi e, com muito entusiasmo, assumi esta missão com toda população.
Mas não foi fácil! Imaginávamos uma coisa, mas o imóvel estava muito aquém do que vocês estão vendo aqui hoje.
E isso custou muito dinheiro! Por isso, precisamos da ajuda dos governos estadual, federal e de deputados federais e estaduais, os quais, sem exceção, foram prontos a nos atender, a nos salvar em momentos de desespero, de maiores dificuldades, de nos orientar.
Aqui investimos recursos do Ministério da Cultura através do IPHAN, com emenda do Deputado Federal Odair Cunha, da Secretaria de Estado de Cultura e do FEC, onde contamos com a nobre ajuda de nosso Joãozinho Campestre, me permita chamá-lo assim; do secretario Ângelo Osvaldo, que muito nos alegra com sua presença neste evento.
Tivemos ainda investimentos com recursos do fundo municipal do Patrimônio Cultural e do próprio Município, repito recursos próprios.
Assim, agradeço profundamente a todos os órgãos e pessoas envolvidas.
Agradeço os funcionários públicos municipais e amigos colaboradores que se dedicaram cada um no seu momento, com sua responsabilidade, para esta conquista.
Também gostaria de agradecer ao engenheiro civil Marcio Oliva Ferreira, que de forma enérgica e atuante, soube aplicar os recursos disponíveis para essa valorosa missão. Certamente o seu comprometimento foi essencial para o alcance dos nossos objetivos. Obrigado Marcio.
Não posso deixar de agradecer também os funcionários do Departamento de Cultura na pessoa do seu diretor Sergio Claudio que após assumir o departamento não mediu esforços para o termino desta tão importante obra para o povo de Guaranésia. Obrigado Sergio.
E, finalmente, gostaria de fazer uma menção mais que especial ao meu ex-diretor de Cultura, Sr. Alberto Emiliano, que tristemente e muito cedo nos deixou no início deste ano. Nosso “Preto”, durante os sete anos que tivemos a honra de trabalhar juntos, lutou de todas as formas pelo Centro Cultural e pela cultura de Guaranésia, seja através da busca por recursos financeiros, seja através de seu trabalho. Nossos eternos agradecimentos, a você Preto.
Quero parabenizar ainda os familiares dos homenageados da noite, extremamente merecedores deste pleito, senhores Roberto Segretti, Alberto Emiliano e Fernando Romanelli.
A partir de agora, a cidade de Guaranésia dispõe de um equipamento que cria oportunidades para uma nova oferta, uma efetiva descentralização e para novas práticas culturais.
É muito significativo que este novo “velho” edifício, com as recuperações patrimoniais, devidamente adequados e com acessibilidade em todo o prédio se abra ao público, pois contribuirá para o relançamento das atividades artísticas, para a reafirmação da identidade cultural de Guaranésia, para a divulgação das suas organizações e associações culturais e dos seus artistas.
Todos sabem quanto Guaranésia necessita de alargar e qualificar a sua oferta turística, apostando nas vertentes da cultura e do turismo cultural, para que possa proporcionar uma cada vez mais valorizada e diversificada oferta, quer aos turistas, quer aos seus habitantes.
Certamente, o Centro Cultural vem criar novas e excepcionais condições para espetáculos de Teatro, Música, Dança, ou outros, constituindo um excelente meio para enriquecer decisivamente a vida cultural de nossa população.
É isso que desejamos a todos.
Há que fazer deste equipamento um uso exigente, com uma permanente avaliação de resultados.
Espero que a programação futura venha a dar consistência e razão de ser a este vultoso investimento.
Que este Centro Cultural seja tratado com compromisso, responsabilidade e competência.
Faço votos de que aqui seja, a partir de hoje, criada uma dinâmica que venha a integrar este Centro Cultural nas redes de oferta cultural regionais, estaduais e federais.
Frequentemente sou acusado de fazer somente obras e não dar valor ao lado humano. Isto não corresponde à realidade. As condições nos obrigaram a isto. Tivemos que reconstruir uma cidade destruída, sucateada. E não tínhamos como oferecer serviços, programas, projetos, eventos, atendimento à saúde, ao esporte, à assistência social, à cultura, sem espaço físico organizado e adequado para tanto.
Esta é a razão para o CRAS - Poli-Esportivo- Creches – Postos de Saúde – Centro de Convivência do Idoso – Escolas - Praça de Esporte e Finalmente este CENTRO CULTURAL.
E mesmo com tantas dificuldades e com tanto a fazer, conseguimos atender sim, as necessidades pessoais de cada um que nos procurou, dentro da legalidade, obviamente.
Sinto-me extremamente feliz por ter feito parte deste Centro Cultural por duas vezes e de tantas outras coisas que neste município implantamos durante estes oito últimos anos que estivemos à frente da Administração Pública Municipal.
Por fim quero agradecer a todos aqueles que acreditaram no nosso trabalho, por terem me dado a oportunidade de, honestamente e sem qualquer mácula, lutar por nossa cidade, pelo Distrito de Santa Cruz da Prata e por cada um de vocês.
Torço e acredito na continuidade deste trabalho.
Obrigado e um grande abraço a cada um!”