Saúde e Promoção Social discutem Luta Antimanicomial na Câmara

Publicado em 09/05/2019 - regiao - Da Redação

Saúde e Promoção Social discutem Luta Antimanicomial na Câmara

Poços de Caldas - Estudantes, profissionais dos setores de Saúde e de Promoção Social e a população em geral, movimentaram a Câmara Municipal na manhã desta quarta, 8, para falar sobre a “Luta Antimanicomial – Refletindo sobre os novos caminhos, porque falar sempre é preciso”. O anfitrião do evento, vereador Lucas Arruda, abriu os trabalhos. “Fico muito feliz em poder contribuir com esta discussão tão importante. Todo mundo tem alguém na família ou próximo a ela, que sofre destes transtornos. Como vereador sempre sou procurado pelas pessoas, com demandas ligadas à Saúde Mental, sempre mantenho contato com as equipes que fazem este atendimento e sempre tenho um retorno muito positivo. Estarmos juntos reforça este trabalho”.

O médico e secretário de Saúde Carlos Mosconi iniciou as discussões, lembrando da participação que teve na causa, ainda como deputado. “Tivemos vários avanços na política de saúde mental no Brasil. O primeiro deles foi na Constituinte, onde tivemos uma grande discussão voltada para a área da Saúde, com a criação do SUS, o Sistema Único de Saúde. Tive a oportunidade de visitar vários manicômios existentes no Brasil e fiquei horrorizado, pois eram verdadeiros depósitos de pessoas. Depois veio a Lei Paulo Delgado, que teve um papel muito importante nesta transformação. Trata-se de um tema importantíssimo e que deve sempre estar na nossa pauta, porque é uma necessidade da sociedade e faz parte do nosso trabalho”, disse Mosconi, que foi relator da Constituinte e do projeto de lei “Paulo Delgado”, que propôs em 2001 a extinção gradativa dos hospitais psiquiátricos no Brasil.

“Saúde mental, ou você ama ou simplesmente você não trabalha com ela. Se você amar, vai aprender muito, com certeza. A Reforma Psiquiátrica atendeu muito bem aos transtornos mas a dependência química veio a reboque e precisa de mais atenção”, refletiu Cristina Gadelha Navarro Vieira, coordenadora do CAPS 2 Girassol.

“Nós temos muito a dialogar, muito a caminhar. A Promoção Social é a porta de entrada muitas vezes e a cada dia fica mais clara a necessidade de atuarmos de forma preventiva”, alertou a psicóloga Luzia Teixeira Martins, secretaria de Promoção Social.

“A gente cuida do rim, a gente cuida do coração, mas a gente não cuida da nossa saúde mental e os resultados estão aparecendo cada vez mais. Precisamos dar mais atenção a isso, esta é uma necessidade real”, complementou a terapeuta ocupacional Stela Marys Baldon, coordenadora do CAPS AD.

 

Rede de Atenção Psicossocial

 

A RAPS – Rede de Atenção Psicossocial em Poços, é composta pelos Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas e Girassol, pela Unidade de Acolhimento Infantil, pelos NASF – Núcleos de Apoio de Saúde da Família, pelas Unidades Básicas de Saúde e pelas equipes de ESF – Estratégia de Saúde da Família, além do pronto-atendimento do Hospital Margarita Morales, da UPA, do SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e Hospital Santa Lúcia. “É certo que temos desafios, que podemos ter mais serviços, mas a nossa Rede é sólida e é referência para muitos municípios do Brasil. Essa discussão tão produtiva e com tantos participantes interessados é mais uma prova de que estamos no caminho certo e somado a todos os serviços já existentes, temos ainda a parceria com as instituições de ensino, com as Universidades que também fazem parte desta Rede”, afirmou a assistente social Heloísa Lessa de Moura Barroso, membro do Comitê de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde. “Esse microfone aberto fortalece nosso trabalho e eu fico muito feliz de poder estar nesta discussão, ao lado de profissionais da Saúde e da Promoção Social”, disse a psicóloga, psicanalista e professora do curso de Psicologia da Faculdade Pitágoras, Carolina Coutinho. No próximo dia 18, o Dia da Luta Antimanicomial, a Pitágoras promove a 7ª Gincana de Saúde Mental, a partir de 13 horas, na Estação Fepasa. “Estas discussões reforçam a preocupação humanitária que deve haver com o tratamento da saúde mental e isso só vem a somar na nossa formação”, declarou a estudante do 5º período de Psicologia, Maria Eduarda Ventura.

 

O Movimento da Reforma Psiquiátrica se iniciou no final da década de 1970, em pleno processo de redemocratização do país, e em 1987 teve dois marcos importantes para a escolha do dia que simboliza essa luta, com o Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental, em Bauru/SP, e a I Conferência Nacional de Saúde Mental, em Brasília. A data de 18 de maio deu visibilidade ao Movimento da Luta Antimanicomial. Também participaram da Roda de Conversa: Celso Fernandes Patelli, psicólogo do Centro Pop; Rosilene de Oliveira Faria, enfermeira e coordenadora da Vigilância Sanitária; Lívia Malachias, professora e coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Pitágoras, além do público presente.

 

Documentário “Quem é o Sujeito”?

 

Durante o evento foi exibido o documentário: “Quem é o Sujeito? Depoimentos, Reflexões e o Papel da Mídia na Problemática da Dependência Química”. O vídeo foi produzido por duas jornalistas graduadas pela Unifae, o Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino de São João da Boa Vista/SP: Tainá Nery e Marcela Garcia. O material foi todo gravado no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas, em Poços e traz depoimentos de pacientes e da equipe multidisciplinar, composta por: terapeuta ocupacional, enfermeiro, psicólogo e psiquiatra. “Fomos muito bem acolhidas por toda a equipe do CAPS AD e o trabalho teve o objetivo de ir além do olhar superficial e preconceituoso que a imprensa de maneira geral lança sob a questão”, disse Marcela. A produção do vídeo documentário teve a orientação da professora mestre Aline Fallaci. “Esse retrato teve a preocupação de abordar a questão por diversos aspectos, de forma delicada e respeitosa. A cada vez que fazemos uma exibição, ficamos muito felizes com o retorno positivo de quem assiste”, complementou a professora. O evento: “Luta Antimanicomial – Refletindo sobre os novos caminhos, porque falar sempre é preciso”, foi realizado pela  Prefeitura, por meio das secretarias municipais de Saúde e de Promoção Social, com o apoio da Câmara Municipal e da Faculdade Pitágoras.

 ASCOM