Publicado em 07/06/2016 - regiao - Da Redação
“O hospital pode parar, infelizmente, porque a situação está desesperadora. Nós precisamos resolver esta situação. A Santa Casa não suporta mais este prejuízo mensal.” A afirmação emocionada é da superintendente do hospital, Renata Cassiano Santos, em entrevista concedida à TV Poços.
Há tempos que a Santa Casa enfrenta problemas financeiros. O governo do estado de Minas Gerais deve ao hospital R$ 3,5 milhões, que é uma dívida que se arrasta desde 2013. Noventa por cento do atendimento do hospital são realizados pelo Sistema Único de Saúde e o setor de urgência fecha todos os meses no vermelho, são cerca de R$ 200 mil por mês. Só neste setor são 12 leitos, mas por dia são atendidos aproximadamente 30 pacientes.
Para se ter uma idéia de gastos, o hospital emprega 780 funcionários e para manter a folha a Prefeitura de Poços faz um adiantamento de R$ 1 milhão por mês para ajudar pagar parte dos salários. “Temos 780 funcionários, sendo que 90 são nossos médicos celetistas, que é um parâmetro do Ministério da Saúde, de portarias ministeriais. Eu não posso ter um funcionário para atender dez pacientes na ala, é um para cada seis. Já na UTI é um técnico para cada dois pacientes. São parâmetros, que não são ditados pela Santa Casa, pela nossa gestão, estamos cumprindo normas”, justificou Renata.
O hospital tem um extrapolamento de R$ 3,5 milhões no setor de oncologia, considerando de 2013 a março de 2016. Os valores são de cirurgias que foram feitas. O hospital tem um contrato fixo anual para a realização de 234 cirurgias, mas em três anos e três meses foram realizadas 1.058 além do contrato para atender a demanda.
“Nós precisamos resolver a questão do extrapolamento das cirurgias, resolver este valor, ajustar o nosso contrato e a equação da urgência e emergência, porque esta conta não fecha nunca. Lembrando que R$ 800 mil são só com o pagamento da folha dos nossos funcionários da urgência e emergência”, afirmou Renata.
De tão complicada que é a situação já faltam materiais básicos para os funcionários trabalharem. Às vezes falta luva para o manuseio do paciente. A luva impede com que os profissionais da área de saúde levem bactérias para os pacientes ou peguem dos pacientes.
Além disso, com a crise por que passa o hospital, muitos funcionários temem perder o emprego. Mesmo assim tem agradecido pelo salário que tem sido mantido, por enquanto, mas afirmam que não se trata só de dinheiro, mas também de pensar nos pacientes que precisam do hospital.
Com a falta de repasse dos R$ 3,5 milhões do estado para o hospital o atendimento começa a ficar comprometido e poderá funcionar somente a urgência. O setor de oncologia pode fechar a qualquer momento. Tem médico do setor que já pediu demissão porque não recebe desde janeiro e a Santa Casa não tem como pagar.
Fonte: Blog do Polli