Publicado em 23/04/2021 - regiao - Da Redação
Trabalhadores atuam diretamente
com familiares de infectados e não foram contemplados com vacinação
No
último final de semana, o desabafo de servidora pública lotada na funerária
municipal em Poços de Caldas ganhou espaço nas redes sociais. Através de áudio, a servidora deixou
clara a insatisfação dela e dos colegas quanto aos critérios da administração
municipal na vacinação contra a Covid-19, o que difere Poços de muitas cidades
da região, onde trabalhadores de cemitérios, funerárias e velórios já foram
contemplados com a vacina. A diretoria do Sindicato dos Servidores Públicos –
Sindserv, esteve presente mais uma vez na unidade, avaliando a necessidade da
vacinação para todos os servidores que ali atuam, já que eles mantém contato
direto com familiares de vítimas.
A
servidora Marli Pandolfo, que há cerca de 25 anos trabalha como auxiliar
administrativo prestando serviços na Funerária Municipal e no Cemitério da
Saudade, comenta que os servidores estão sob total estresse e
preocupação. A reivindicação dela e dos colegas é para que a administração
os inclua nos grupos prioritários para receberem a vacina.
Segundo
ela, o que motivou o desabafo em áudio no último sábado (17), foi um dia de
muito estresse depois de 16 mortes pela doença, sendo 9 vítimas enterradas em
Poços. Isso, somando-se ao número reduzido de servidores.
“O
atendimento tem sido intenso e o tempo todo estamos em contato direto com
familiares de pessoas que morreram por Covid; temos que manusear papéis que vêm
dos hospitais, atender telefone, ver questões burocráticas com outros
servidores, ou seja, é uma série de trabalho que, muitas vezes, inviabiliza uma
maior precaução. É revoltante a gente não ter recebido a vacina e saber que em cidades
próximas a nossa, todos os servidores das funerárias, mesmo as que não são
públicas, já foram vacinados porque foram reconhecidos como grupo prioritário”,
lamenta.
Marli
lembra que apenas 10 servidores estão reivindicando o direito à vacinação. Para
ela, trata-se de um número insignificante para não serem reconhecidos como grupo
prioritário.
Outra
servidora que também está cobrando a oportunidade de receber a vacina é Selma
Maria dos Santos, que há nove anos trabalha na funerária. A
reclamação é a mesma, a vulnerabilidade a que estão submetidos diariamente, já
que o número de morte pelo vírus tem sido cada vez maior.
“Corremos
o maior risco aqui, já teve dias de receber familiares de pessoas que vieram a
óbito e ficar sabendo que a pessoa também estava contaminada. Já fui afastada
suspeita de Covid, tive sintomas, mas os exames deram negativo. Apesar de ter os
equipamentos de segurança, existe toda uma preocupação, temos nossas famílias e
nossa preocupação tem sido constante, acho que é um direito receber a
imunização”, coloca.
Alessandra
Gualhardi de Moraes, que atua no cemitério, também teme o risco diário ao qual vem
sendo submetida e espera que o mais rápido possível possa ter o direito de ser
vacinada. A servidora diz que todos que trabalham no local estão muito expostos
e, vivem sob pressão e medo constante de serem contaminados.
O
Sindserv, representando o interesse de todos os servidores, já oficiou a prefeitura
para que vacine o mais rápido possível e grupo que é essencial, prioritário e
que atua na linha de frente.
Fonte: Sindserv