Publicado em 31/05/2019 - regiao - Da Redação
Conheça o trabalho de busca ativa e
encaminhamento da Promoção Social
Poços de Caldas - Ângela
acorda às 4 da manhã e se prepara para enfrentar as 12 horas de trabalho duro.
De transporte coletivo, com direito a baldeação, ela é a primeira a chegar e já
prepara o cafezinho, que dá ânimo para receber a colega de equipe, Rogéria, e
partir para as ruas de Poços de Caldas, às 7 em ponto. As duas são agentes de
atendimento emergencial e trabalham no Serviço de Abordagem Social da
Prefeitura, responsável pelo atendimento inicial da população em situação de
rua.
Ângela
Maria Costa Damião é servidora pública desde 2016 e Rogéria Cristina Faria
Braga desde 2015. Juntas, acompanhadas pelo motorista da famosa Kombi da
Promoção Social, elas enfrentam uma jornada de 12x36horas na busca ativa e
encaminhamento de pessoas em situação de rua na cidade.
“A gente
entra às 7 da manhã e já começa a busca ativa nos pontos conhecidos onde a
população de rua fica: nas praças e nas ruas principais do centro. Nosso
trabalho é ofertar tudo o que o município tem para essa população, encaminhando
para as casas de passagem ou para o atendimento no Centro POP. Além da busca
ativa, a gente atende também a demanda da comunidade, que liga no 156 para
avisar onde estão as pessoas em situação de rua”, explica Rogéria.
O serviço
funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. O atendimento ininterrupto
é feito por 11 agentes, que se revezam nos plantões. No início da manhã, quando
Ângela e Rogéria entram em ação, é hora de abordar os moradores de rua que não
aceitaram os serviços oferecidos durante a noite, nem mesmo com as baixas
temperaturas de Poços.
A maioria
já é conhecida de longa data, além dos migrantes que vêm de outras cidades e
estados. “Nosso objetivo é sensibilizar a pessoa em situação de rua para que
ela aceite os serviços disponíveis na rede de atendimento. Mas, às vezes, o que
nós oferecemos não é tão atrativo quanto o que a rua tem para oferecer”, alerta
a agente Rogéria.
Estar nas
ruas é uma condição relacionada principalmente a dependência química e a
problemas mentais, entre outros fatores. Então, quando a pessoa encontra
dinheiro para a manutenção do vício, alimentação e pequenos cuidados na própria
rua, nem sempre ela aceita os serviços oferecidos pela Prefeitura.
A rede de
atendimento, que tem como porta de entrada o Serviço de Abordagem Social, conta
com o Centro POP, local onde é possível tomar banho, lavar roupas, se
alimentar, participar de oficinas de convivência e passar por atendimento de
psicólogos e assistentes sociais, além do encaminhamento aos abrigos, casas de
passagem, albergues, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e Consultório na
Rua. No caso de migrantes, é feito também o redirecionamento à cidade de
origem.
“Esse
serviço não é por acaso. Nós estamos aqui aprendendo a cada dia. A gente tem
amor no que faz. Dizer um bom dia, perguntar como foi a noite, é disso que eles
precisam naquele momento. Eles vivem um dia de cada vez. E nós também”, avalia
Ângela.
Cientes de
seu papel, as agentes trabalham no limite entre o entusiasmo de um usuário que
aceitou os serviços e está em tratamento e a frustação do retorno às ruas. “A
gente não pode criar expectativa em cima do usuário que está na rua. A gente
faz o que pode naquele momento e, para nós, é isso que tem que bastar. É um dia
de cada vez. Hoje, ele aceita vir comigo e fica bem na casa de passagem, mas
amanhã ele pode estar aqui na praça fazendo tudo de novo”, relata Rogéria.
Ele
informa que, desde 2018, a equipe de abordagem social passou a participar das
discussões de caso, facilitando o diagnóstico e os encaminhamentos para órgãos
como Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Centro de Referência de Assistência
Social (CRAS), Centro de Referência Especializado de Assistência Social
(CREAS), Consultório na Rua, entre outros. “O olhar dos agentes de abordagem
social é fundamental porque são eles que realmente conhecem as histórias de
vida e o comportamento dessas pessoas nas ruas”, destaca.
Também a
partir de 2018, a Secretaria de Promoção Social tem realizado capacitações para
os agentes de atendimento emergencial. “O processo de formação continuada visa
capacitar os agentes para que eles se sintam mais preparados e para que os
atendimentos sejam cada vez mais efetivos”, ressalta a coordenadora da Proteção
Social Especial de Média Complexidade, Caroline de Souza.
Neste
sentido, a Prefeitura realiza a campanha “‘Poços não dá esmolas. Oferece
Atendimento!”, que visa não só conscientizar a comunidade a não dar esmola, mas
também informar sobre os serviços oferecidos à população em situação de rua em
Poços de Caldas.
A população pode ajudar não dando esmolas e acionando a equipe de abordagem, 24 horas por dia. Basta ligar 156 ou 3697-2645.
ASCOM