Publicado em 04/04/2017 - regiao - Da Redação
Rosana Marques é dona de uma das maiores confecções de Juruaia. Marca exporta peças há 17 anos para cerca de 10 países.
A história de Juruaia (MG) com suas famosas lingeries começou há mais de 20 anos. Um dos maiores polos da moda íntima do Brasil começou a nascer com a abertura das primeiras confecções nos anos 90. De lá pra cá, muita coisa mudou. Do início, com peças de produção caseira e em pequena escala, até os produtos sofisticados de hoje, a fama da cidade cresceu, atravessou fronteiras e levou seu nome a países como Portugal, Austrália e Holanda. Hoje, as lingeries de Juruaia são vendidas em mais de 10 países.
Entre os vários empresários que apostaram no setor está Rosana Aparecida Marques, de 54 anos. Nascida e criada pelos pais comerciantes na pequena cidade do Sul de Minas, Rosana trabalhou em outras áreas antes de apostar no novo negócio. Formou-se professora, mas percebeu que o comércio era onde deveria investir.
Quando decidiu abriu sua própria confecção de lingerie, em 1994, ela seguia apenas o instinto – o sucesso das peças de Juruaia só virou realidade anos depois. Duas funcionárias e um pequeno galpão marcaram o início do seu projeto.
Com o passar dos anos, mais funcionários chegaram e ganharam experiência. Com o tempo, mais de 20 ex-colaboradores decidiram começar seus próprios negócios, apoiados pela empresária. “O meu pensamento era que o crescimento de Juruaia dependia do aumento no número de lojas. Era preciso que tivesse muitas confecções para atrair pessoas de outras cidades”.
Rosana foi uma das fundadoras da ACIJU – Associação Comercial e Industrial de Juruaia e da Felinju – Moda e Lingerie de Juruaia, que em 2017 chega à sua 20ª edição.
Após anos de trabalho, a marca da empresária hoje conta com mais de 90 funcionários que produzem entre 60 e 70 mil peças por mês. Seus produtos são expostos na loja oficial, que tem cerca de 800 mil metros quadrados. Por suas ações empreendedoras, Rosana já recebeu vários prêmios e foi citada como uma das maiores empresárias do país em diversas publicações. Também foi nomeada como diretora financeira do Conselho Nacional da Mulher Empresária, em Brasília.
O sonho no exterior
Foi em 2000 que Rosana começou a pensar em formas de fazer a marca ganhar novos territórios. Com um processo simples, começou a vender suas peças para clientes nos Estados Unidos, Bolívia, Itália, Portugal, França, Holanda, Dubai e Chile.
Em 2006, veio o interesse pelas feiras de moda íntima no exterior. Foi quando começou a frequentar eventos na França, Estados Unidos e Colômbia. De início, a intenção era acompanhar tendências. O sonho ganhou forma e, em 2016, teve início o processo de internacionalização da marca, quando a empresa ganhou até um departamento interno para tratar deste assunto.
“Eu vi a presença em eventos internacionais como uma ótima oportunidade para aumentar a exportação e driblar a crise econômica que assola o Brasil.” Foi no Salon International de La Lingerie de Paris e no Mode City em Lyon, ambos na França, que Rosana conquistou clientes diretos em Portugal, Itália e Grécia, além de contatos com Caribe e Senegal.
Para Rosana, a lingerie brasileira é um produto especial. “A roupa íntima do Brasil faz sucesso pela beleza e sensualidade das brasileiras. A energia que temos é visível e muito querida lá fora. No geral, somos bem resolvidas com nossos corpos, gostamos de mostrá-los. Tudo isso contribui para uma moda íntima diferenciada e valorizada.”
Além da sensualidade, tão procurada pelas estrangeiras nas lingeries fabricadas no Brasil, o colorido e a variedade das peças também chamam atenção. “Temos as tradições praianas e carnavalescas que são muito fortes e ajudam a criar comportamentos diferenciados na mulher brasileira. Isso ajuda demais nas vendas em outros países”.
Com tantos anos de experiência e seu trabalho atravessando fronteiras, Rosana faz questão de lembrar os desafios. “Eles sempre fizeram parte da minha vida. Se não fosse assim, não teria deixado a profissão de professora para ser empresária”.
E toda sua trajetória é motivo de orgulho. “Sou uma pessoa e empresária muito feliz. Amo empreender e saber que ajudei a transformar a realidade de várias pessoas em Juruaia. Não me contento apenas em realizar meus sonhos. Acredito que minha missão também é colaborar para a realização dos sonhos dos outros”.
A Felinju
A Felinju – Moda e Lingerie de Juruaia - chega em 2017 a sua 20ª edição. Entre 29 de abril e 01 de maio, o Centro de Eventos Expo Juruaia abre espaço a mais de 70 expositores e tem a expectativa de receber cerca de 30 mil visitantes. Organizada pela ACIJU – Associação Comercial e Industrial de Juruaia, a feira registra um crescimento de 20% no volume de negócios por ano. Em 2016, foram mais de R$15 milhões em vendas.
A cidade do Sul de Minas, responsável por 15% da produção nacional de lingerie e 3º polo do setor, produz cerca de 20 milhões de peças por ano.
Com 95% das empresas comandadas por mulheres, Juruaia é dona da maior renda per capita do Sul de Minas.
Fernanda Rodrigues Em Juruaia, MG