Publicado em 31/03/2021 - regiao - Da Redação
Quatro anos após o início do Programa
de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) no Sudoeste de Minas, os resultados
mostram a importância da iniciativa. Em Bom Jesus da Penha, a Fazenda Água Doce
tem efeitos expressivos com apenas 18 meses de trabalho. O ATeG chegou para
recuperar o cafezal e os lucros do produtor Francisco Pereira Ribeiro.
Com 80 hectares de café
arrendados, o produtor acompanhou o processo de declínio da lavoura, o que
exigiu o fim do contrato de arrendamento. As lavouras, mal cuidadas e mal
podadas, pararam de produzir. Francisco não imaginava que poderia recuperá-las.
O produtor convidou Mônica Madeira Santos, que mora na propriedade com o
marido, para assumir o cafezal. Apaixonada pela cafeicultura, ela aceitou o
desafio e se preparou por um ano em cursos do Sistema FAEMG/SENAR/INAES. Quando
assumiu os trabalhos, juntamente com as atividades do ATeG, estava capacitada
para ser a gerente da atividade.
Recuperação
O técnico do
ATeG Guilherme dos Santos Salomão encontrou uma lavoura abandonada. A
preocupação recaía em como retomar a produção sem endividamento. Assim,
Guilherme selecionou as áreas com maior possibilidade de recuperação e os 80
hectares foram reduzidos para 32. Em outubro de 2019, o trabalho, árduo,
começou com atraso, mas os produtores seguiram todo o manejo de tratos
culturais.
Além da lavoura, Guilherme e Mônica enfrentaram o período
prolongado da seca e a geada, que afetou muito o cafezal. Por isso a safra de
2020 foi zero, mas a recuperação da lavoura em 2021 impressiona. Para a safra
deste ano, mesmo com os problemas climáticos, é esperada a produção de 40 sacas
por hectare, o que vai gerar cerca de 1.400 sacas de café. “O primeiro
arrendatário, que fez o plantio do café, tinha uma boa visão do negócio.
Plantou com técnicas bem avançadas para a época. As lavouras têm mais de 20
anos. Esse processo contribuiu agora para a recuperação”, explicou o técnico.
O potencial da lavoura
foi ressaltado pelo supervisor do programa, Rodrigo Dias, na sua primeira
visita à propriedade. “Destaquei a importância da parte gerencial e do manejo
no momento correto. Visitei recentemente a propriedade e acompanho a completa
mudança. Com certeza é um caso de sucesso”, disse
Com as
variedades Catuaí, Catucaí e Acaiá, o técnico e Mônica seguem firmes. “Sou
apaixonada pelo café e pelo meu trabalho. Visito as lavouras de quatro a cinco
dias por semana e sigo tudo o que o Guilherme me orienta. Não esperava esse
resultado. Admiro como a lavoura se recuperou: 90% graças ao trabalho do
técnico. Sem o ATeG, não conseguiríamos recuperar”, disse Mônica.
Futuro
Segundo o
técnico, Mônica tem o dom da negociação e, com isso, conquista melhores
resultados nas compras e se destaca entre os produtores da região. “A mulher
serve para fazer café, mas não para produzir café. Nós chegamos para quebrar
esse tabu”, disse Mônica.
Para o
futuro, algumas áreas do café voltarão a ser arrendadas e a recuperação das
lavouras seguirá. A produção de cafés especiais já está no planejamento, assim
como a participação no Cupping ATeG do SENAR MINAS.
ESCRITO POR DENISE BUENO, DE PASSOS
SISTEMA FAEMG, SENAR