Varginha lidera assassinatos

Homicídios subiram 60% na cidade, maior alta entre municípios acima de 100 mil habitantes

Morador de Varginha, no Sul de Minas, desde que nasceu, o comerciante Roberto Peixoto, 43, ainda se lembra de um tempo, não muito distante, em que se podia andar tranquilamente na cidade e passar meses sem ouvir falar de um assassinato. Conforme balanço divulgado na quarta (09) pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), no entanto, no ano passado o município teve um aumento de 60% no número de homicídios em relação a 2014, passando de dez para 16 pessoas mortas. É a maior alta entre as cidades com mais de 100 mil habitantes do Estado.

Nesta quarta, o assunto em Varginha era mais um assassinato, de um homem esfaqueado dentro de casa por dois adolescentes. “Antes qualquer morte aqui era assunto para dias. Agora, quando mal acontece um já estão matando outro. Está uma coisa de louco. Hoje vivemos com um medo que há poucos anos não tínhamos”, conta Peixoto.

E a realidade de crescimento do número de homicídios não é peculiaridade da cidade. Em 2015, foram registrados também consideráveis aumentos na cidade vizinha de Poços de Caldas (14,29%), em Uberaba, no Triângulo (39%), em Sete Lagoas, na região Central (20%), e em Divinópolis, no Centro-Oeste (30,43%).

A alta nos homicídios dessas cidades, entretanto, é diferente das estatísticas de outra parcela de municípios de Minas. O balanço divulgado pela Seds indica que o número de vítimas de assassinatos no Estado de modo geral caiu 2,59% em 2015. Foram 4.177 mortes no ano passado (média de 11 por dia), contra 4.288 em 2014.

De acordo com informações da pasta, pela primeira vez foi divulgada a quantidade total de vítimas “numa série de anos completos”. Até o ano passado, a divulgação era feita apenas por registros, sendo que em um mesmo número poderia haver mais de uma pessoa assassinada. Em 2015, houve 4.032 registros de homicídios, 2,59% a menos do que os 4.152 do ano anterior.

Região metropolitana. Na maioria das cidades da região metropolitana de Belo Horizonte houve diminuição considerável no número de assassinatos, com exceção de Betim, que continua sendo o município mineiro com a maior taxa de vítimas por 100 mil habitantes. Em 2015, foram 219 pessoas assassinadas contra 218 em 2014.

Já na capital, o número sofreu uma queda de 22,42%, passando de 785 mortes em 2014 para 609 em 2015. Reduziram os índices também as cidades de Contagem (-2,78), Ribeirão das Neves (-16%) e Santa Luzia, com uma queda de 17,35%.

Divulgação

Balanço. As demais estatísticas de criminalidade do Estado serão divulgadas nos próximos dias pela Seds. Nesta quinta, serão apresentados os dados de estupros. Nesta sexta, os de roubos.

Saiba mais

Transparência. A divulgação da quantidade total de vítimas de homicídios, e não só dos registros, era uma promessa do governador Fernando Pimentel (PT). Sobre a possibilidade de a relação de taxas de crimes por bairros ser divulgada, a Seds informou que isso ainda não tem previsão de acontecer.

Análise. Para o especialista em segurança Robson Sávio, a divulgação dos números é importante para a prevenção. “Um grande aumento significa que há um problema. E a divulgação serve para a sociedade se mobilizar e cobrar soluções”.

Adolescente é morto em frente a escola

Um estudante de 16 anos foi morto com três tiros, na manhã desta quarta, quando chegava à escola em que estudava, no bairro Tirol, na região do Barreiro, em Belo Horizonte. De acordo com a Polícia Militar, o suspeito já esperava por Kaio Eduardo Jael na porta da unidade de ensino.

Após o crime, as aulas na Escola Estadual Ministro Alfredo Vilhena Valladão foram suspensas, e professores e alunos pediram mais segurança. A Delegacia de Homicídios do Barreiro investigará o caso. O suspeito do assassinato ainda não foi identificado.